"Depois de ler muitos livros do tipo P. C. Cast, ou mommy porn, tipo fifty shades, género que já anda aí desde os anos oitenta, comecei a aperceber-me dos padrões que estes autores usam para escrever estes livros. São todos sobre homens poderosos mas que no seu íntimo são desiquilbrados, e mulheres fracas que são capazes de completar o que lhes falta."
Interiormente arrepiei-me. Século XXI, feminismo, igualdades e a literatura popular para público feminino vive de estereótipos submissivos? Os ínvios caminhos da psique humana não cessam de me surpreender. Para mim a melhor imagem do Cinquenta Sombras é tê-lo encontrado empilhado em promoção num supermercado ao lado de uma promoção de papel higiénico. A sério, estas coisas não se inventam.
"Sabes, é o sonho de muitas mulheres. Ser capaz de salvar alguém que não quer ser salvo."
Nesta frase cabe o conceito que vende a metro livros sobre vampiros efeminados, dominação sedosa, lobisomens dóceis e talvez alguém se lembre de criar zombies existencialistas que matutam na inelutabilidade do ser e do devir com as résteas de neurónios putrefactos enquanto abocanham relutantemente humanos indefesos, à espera das jovens submissivas que os irão libertar através da dominação sentimental.