Manuel Mozos, org. (2012). O Cinema de António de Macedo. Lisboa: Cinemateca Museu do Cinema.
Talvez esteja a ser traído por alguma falta de experiência na leitura deste género de catálogos, mas este apesar de ser abrangente no catalogar da obra deixa no ar um certo sentimento de coisa apressada, colagem díspare de testemunhos, críticas de cinema e entrevistas ao realizador e ao filho. É na sua entrevista que reside a pérola deste livro, onde Macedo partilha com um bom humor corrosivo algumas peripécias e aventuras da sua longa carreira cortada no cinema porque, enfim, o establishment cultural português tem as suas limitações. Palas sobre os olhos, diria, mas não queria insultar os pobres jericos com comparações destas.
Algo que se perde neste catálogo é a dimensão visual da obra do realizador. De um trabalho experimentalista, criativo no uso da cor, cenários e enquadramentos, e do que fui conhecendo graças à iniciativa da cinemateca, vibrante de cor, ficam-nos registos a preto e branco que ficam muito aquém do cromatismo dos filmes. Apesar destes pormenores, fica o registo de uma tentativa de abranger a obra deste realizador único, coligindo alguns dados biográficos e críticos no momento em que se realiza a primeira grande retrospectiva da sua obra inagualável organizada pela Cinemateca. A primeira de muitas, espera-se.