quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Once There Was a War


John Steinbeck (2000). Once There Was a War. Londres: Penguin

O que nos agarra neste livro que colige crónicas escritas por Steinbeck enquanto correspondente de guerra na Europa devastada pela II Guerra Mundial é o seu carácter profundamente humano. As palavras não olham para os grandiosos movimentos geopolíticos, para as tácticas militares, para as glórias do material bélico, para o heroísmo do soldado. A sensibilidade humanista e social deste escritor leva-o a olhar para os pequenos pormenores, os momentos simples, registando curtos minutos na vida dos combatentes.

Seguindo o percurso de muitos soldados, Steinbeck relata a vida num navio de transporte, observa os choques culturais de soldados chegados a Inglaterra, regista pormenores da vida de soldados humildes e missões de bombardeamento aéreo, mergulha no exotismo do norte de África e contacta finalmente com o perigo que espreita a todo o momento na Sicília e mar Adriático. Este é um livro de olhares, gestos, desabafos, pequenas aventuras no sistema burocrático, atitudes e medos. E quando se chega realmente ao campo de batalha, as palavras espelham a dureza, o medo, o horror da destruição e da morte violenta. É impossível não sorrir com as histórias do motorista que sobrevive luxuosamente no sistema militar, ou ficar chocado com a imagem de um corpo de mulher a boiar ao largo da deserta cidade de Palermo. São dois extremos patéticos, de humor e horror, dos relatos contidos neste pequeno livro que, como habitual nas palavras deste escritor, nos agarra pela sua beleza e humanismo.