domingo, 29 de maio de 2011
Pina
É impressionante a precisão e elegância dos movimentos abstractos dos bailarinos captados pelo olhar de Wim Wenders neste filme que retrata a obra da coreógrafa Pina Bausch. A opção de utilizar o 3D estereoscópico confere uma carnalidade conseguida pela ilusão da percepção de profundidade. Wenders soube tirar partido desta técnica procurando contrastes entre as formas dançantes dos bailarinos em primeiro plano e os diferentes fundos numa eficaz ilusão tridimensional, ou gerando intensos close-ups que a técnica fílmica transforma em grupos escultóricos virtuais. O 3D estereoscópico não é uma técnica nova, mas falta-lhe uma estética própria que saiba tirar partido do seu carácter ilusório. Não é tarefa fácil adaptar regras de composição plástica concebidas para superfícies bidimensionais à ilusão de profundidade. Wenders escapou aos enquadramentos habituais deste género de filmes e procurou um sentido estético que deu uma nova dimensão à representação da dança no ecrã.