quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Adbusters #93



É absolutamente fascinante ver que a crítica mais concertada ao capitalismo desenfreado vem não dos suspeitos do costume mas de uma coligação fracturada de ambientalistas, teóricos dos media e activistas. Se o velho argumento anti-capitalista colide com as realidades históricas das ditaduras soviéticas e do gangsterismo norte-coreano (já para não falar da revolución sem dissidências ou do comunismo capitalista chinês), esta nova forma de criticar e apontar as falhas ao sistema que parece dominar a sociedade humana reflecte uma coligação inesperada de quem vê os recursos naturais a esgotarem-se, o ambiente a degradar-se e a cultura global a uniformizar-se sobre a pressão das grandes corporações transnacionais.

Reparem que enquanto nos preocupamos com deficits, envelhecimento da população, pressões mercantis e onde arranjar dinheiro para mais TGVs há questões maiores que passam ao lado: o corrente modelo social não só é injusto, promotor de desigualdes e demasiado ao sabor de caprichos financeiros, como é insustentável do ponto de vista ambiental e da utilização dos recursos naturais. Encerrados numa lógica de eterno crescimento, apregoamos o combate aos desafios de curto prazo, mas estamos a esquecer o verdadeiro desafio geracional: como fazer sobreviver a civilização humana num planeta cada vez mais vazio de recursos.