"It is easy to ralize that such practices reek with authoritarianism. On the one hand, they denote no respect for the critical abilities of teachers, their knowledge, their practice. On the other hand, there is the arrogance with which half a dozen specialists who judge themselves enlightened develop these packages, which teachers, then, must
tamely follow to the specifications of guides and manuals. One of the connotations of authoritarianism is total disbelief in the possibilities of others. The best that authoritarian leadership is capable of doing to preserve some semblance of democracy is their sparse attempts to hear the opinions of teachers about programs, but only when those are already being implemented. Instead of betting on the expertise of educators, authoritarianism banks on its own "proposals" and on subsequent evaluation, conducted with the purpose of determining whether the "packages" have been adhered to and properly followed". (p:87)
Paulo Freire, a zurzir nas inovações revolucionárias educacionais advindas dos topos das hierarquias ministeriais, no ensaio Education and Community Involvment. Contido no livro Critical Education in the New Information Age. É aquilo que eu não resisto a chamar de pedagogia de tese ou inovação de doutouramento: alguém com um cargo apreciável, ou alguém que convence alguém com um cargo apreciável, dedica-se a utilizar o sistema educativo para aplicar a sua tese revolucionária que irá mudar a educação. Anos depois, com a tese devidamente encadernada na prateleira e o título de doutor a antecipar o nome, as revoluções vão caindo no esquecimento, e resta a quem está no terreno lidar com as cinzas da ideia iluminada, em breve substituída por outra de méritos semelhantes. Caso prático? As famosas áreas curriculares não disciplinares, que quando chegaram ao mercado educacional prometeram muita revolução, fizeram correr muita tinta, deram alguns euros a ganhar a editoras e dividiram os professores: alguns ficaram paralisados com as novas áreas, outros agarraram a oportunidade de fazer algo diferente. Anos depois, mudam-se os ventos, e as áreas de Projecto e Estudo Acompanhado vão para o ano ser eliminadas a favor de um reforço de Português e Matemática. Menos experiências, mais drill and practice, menos actividades criativas, mais preparação para os exames nacionais e respectivos rankings.
Não que haja algo de errado com as inovações per se. Mas elas constroem-se. A técnica de impor inovações vindas do topo geralmente resulta em aplicações excessivamente zelosas ou subtilmente subvertidas. Boa parte falha porque os profissionais no terreno têm de reorientar as suas estruturas de pensamento (e correspondentes práticas) de aquilo que conseguem fazer para algo novo que cai nos colos por decreto, geralmente sem preparação ou com alguma preparação que se resume a teorizações vazias de conteúdos. Isso é uma boa estratégia para condenar inovações ao falhanço.