terça-feira, 16 de agosto de 2005

Olhar para um umbigo

Mais um post feito a olhar para o meu umbigo. É compreensível. Estamos em tempo de férias e não há muito que fazer. Sem outros assuntos, vou discutindo livros, mas como ainda não consigo ler um livro por dia também não pode ser um assunto muito regular. Não tendo ido de férias para destinos exóticos, eróticos ou longínquos, também não vos posso maravilhar, raros e ocasionais leitores, com pormenores excitantes das minhas viagens pelas sete partes da terra. Perambulações sobre o consumo habitual de alcool em excesso tornam-se entediantes. Só me restam as habituais histórias catastróficas que abrem os telejornais diáriamente, as imagens de chamas alterosas a consumir àrvores e habitações sob um céu vermelho, ou os detalhes amorosamente filmados de destroços de aviões ou de acidentes automóveis. Mas isso é dar mais pancada ao zézinho, ainda mais pancada do que aquela que ele já leva. Para além disso, ainda não me rendi à pornografia da violência e da morte, consubstanciada sacramentalmente em disursos catastróficos a acompanhar imagens aterradoras de mares de chamas ou destroços de automóveis desfeitos por entre os quais se esperam vislumbres de corpos despedaçados.

Só me resta falar do blog.

Que não é nenhum assunto.

Mas cá vai.

O contador da bravenet permite-me ter acesso a uma lista dos últimos dez referidores ao endreço do blog. É assim que eu sei quem me visita através de um link directo, escrevendo o endereço do blog na barra de endreços do browser, ou quem me encontra através de pesquisas no google ou outros motores de pesquisa. É assim que sei que a maior parte das pessoas que me visitam vêm de pesquisas sobre o calendário das festas dos dzrt (ou letras e tablaturas, o que leva a imaginar rapazes pubescentes a arranhar as suas violas na praia junto à fogueira para convecerem as possíveis namoradinhas que até são tipos sensíveis). Pormenor curioso, o serviço permite-me saber que browser os meus visitantes estão a utilizar. Muitos internet explorers, com aquele irritante ícone do ézinho azul, alguns firefox, uns raros ópera e uma vez ou outra um safari. O safari deve ser o Gilberto, esse fantástico professor de música que conheci em mafra e que é a única pessoa que conheço que tem um computador a sério. Um mac, claro.

Foi assim que descobri a tradução do meu blog através do google. Quem a fez, não sei, mas uma coisa é certa: as traduções automáticas são geniais! Tenho a certeza que, por mais que me esforçasse, o meu inglês não sairia tão macarrónico como o da tradução automática. Querem uns exemplos?

The number of visits to blog already walks in the house of the three hundreds. It swims bad, think? é a tradução de O número de visitas ao blog já anda na casa das três centenas. Nada mau, pensam?. A tradução é perfeitamente literal, ninguém duvida que anda se traduz por walk. Ou nada por swim. Mas a imagem dos andarilhos visitantes aos blogs é por demais surrealista. Já para não falar no brutal irrealismo de It swims bad, think?.

Under a mist mantle, the day blunts. Blunt, em português, escapa-me o termo certo, mas como é se diz quando a lâmina de uma faca não está afiada? A metáfora de um dia por afiar é poesia pura, ao contrário do meu lamechas o dia desponta.

Esta nem comento: Visões of dominadoras women in ténues lingeries of black leather brandindo whips and pingalins are not proper the substance of my wet dreams..

Os indianos falam aquele inglês com uma pronuncia fantástica, o inglish. A deturpação do sotaque british pelos lábios indianos não andou longe da minha mente ao ler Macau. Portuguese dream in the east. Honest I say you. Honest. I. Say. You. Combinação fatal. Obrigação imediata de rebolar de riso.

Citações à solta: Plus paragraphs of this creature who is to be born under my keyboard; We like in imagining as astronauts to them dresses in facts garridos, pertaining to the crew of ships in estonteantes forms art deco; You are of vacation, I think I, while I hold the cup; Prontinho walked I to give an intellectual air, with a critical one to the Kafka Desiste! of Peter Kuper, but it does not give; The frustration when seeing the forms that the houses can truily take will be able to lead to the suícidio, assassínio or worse thing; writer who had of being of obligator reading in the secondary one.

Mas é melhor lerem por vós próprios. Versão Traduzida de intergalacticrobot.blogspot.com. Acreditem que estas traduções automáticas funcionam como uma serra eléctrica a desmembrar pedaços de animais num matadouro. com sangue incluído.

Dizem os italianos traduttore tradittore. Por melhor que seja o tradutor, a perfeita tradução das expressões e do sentido da linguagem é sempre impossível. Mas no caso do google, a tradução deixa para trás um perfeito deserto, transformando um texto coerente num aglomerado de palavras.

Diz-me o meu amigo Diogo que muitos dos alunos dele no IADE entregam-lhe trabalhos directamente copiados da página de traduções do google. Por vezes, impressos ainda com o page one of qualquer coisa com o url completo no rodapé da página. Esperar-se-ia um pouco mais de cérebro da parte dessa gente. A conclusão que tiro é que tradittores existem em todo o lado, mesmo que não tenham consciência que o sejam.

Mas que me rebolei a rir, rebolei.

Conselho a leitores estrangeiros deste blog: Learn some fucking portuguese!