Pedro Nascimento, Manuel Monteiro (2025). Tales From Nevermore. Lisboa: Ala dos Livros.
Estou arrependido por só agora ter lido este tomo. Deparei com ele em Leiria, quando lá estava no clássico encontro do CCEMS, mas achei que esperaria até ao Fórum Fantástico (não estava por lá à venda) ou pelo Amadora BD. O meu compasso de espera deve-se a, em parte, preferir adquirir as minhas leituras do fantástico português diretamente às lojas e projetos que o mantém vivo, e não às cadeias tipo Bertrand. Fiquei logo rendido ao folhear o livro na Bertrand de Leiria, resisti ao impulso de compra, naquele jogo psicológico de adiamento de recompensa. E que recompensa, agora que o li.
Pedro Nascimento e Manuel Monteiro oferecem-nos uma vénia profunda e excelente ao conto curto de terror gótico, bem como à estética magistral da EC comics e Warren nos anos 60 e 70 que se tornou um dos marcos maiores da iconografia do género. As histórias são curtas, incisivas na sua ironia negra, e soberbamente ilustradas. Segue o formato da antologia de terror, com um narrador que nos apresenta os contos e termina tecendo considerações morais, ou amorais, sobre o que acabámos de ler.
O tom de homenagem a todo um género é total, entre a estética visual, narrativa e linguística, formato, ou vénias óbvias como apelidar um corvo de Vincent. Há um toque de intrigante humor negro no livro, especialmente quando os autores brincam com a publicidade infantil que também fazia parte dos velhos comics de terror.