Matthew Stokoe (2011). Cows. Nova Iorque: Akashic Books.
Este é um daqueles livros que se esforça tanto por ser transgressivo, que acaba por ser meramente entediante. Ignora a lição essencial da boa literatura de horror: um grito, assusta; um constante gritar, provoca dormência. Não há dúvidas que o autor se esforçou imenso por chocar os leitores. Cada capítulo é um mergulho tenebroso na violência, loucura, podridão e escatologia, sempre em tom de revulsão pura. E é mesmo esse o problema, tocando sempre no mesmo tom, o livro torna-se monótono.
A história é bizarra e surreal, envolvento um jovem inadaptado que vive com a mãe que odeia, um cão semi-paralítico e almeja a vida ideal que vê na televisão. A sua emancipação inica-se ao trabalhar num matadouro, onde um colega de trabalho o inicia nos mistérios e prazeres de provocar a morte. Irá ganhar coragem para se livrar da mãe (de uma forma deveras... escatológica), namorar a vizinha de cima, uma jovem obcecada com dissecações, e adquirir um gosto pelo assassínio. Para completar o ramalhete, temos um bando de vacas falantes que vive no subsolo e, ao instrumentalizar o jovem para se vingar dos homens que matam as suas congéneres no matadouro, acabam por ser liderados por este.
Bem vos disse que era uma história bizarra e surreal. E, também, chocante, o autor não se poupa a artifícios para provocar revulsão no leitor. Poderia ser um excelente livro de literatura negra transgressiva, mas como já referi, o manter sempre o mesmo registo torna-o monótono. Chocará, talvez, leitores novatos pouco conhecedores da qualidade literária do bom horror. Sublinho, o problema do livro não é o seu conteúdo, nesse aspeto dá o que promete. É a falta de ritmo do estilo literário.