Miguel Santos (2023). O Breve Passado e Outras Histórias. Lourinhã: Escorpião Azul.
Se a ficção científica portuguesa já é em si criatura rara, imaginem em Banda Desenhada. Este O Breve Passado é uma excelente surpresa, de um autor que se atreve a trabalhar no género. As histórias cruzam ficção científica clássica com fortes doses de afrofuturismo lusófono, o que as torna mais intrigantes. Recordo que o Rogério Ribeiro nos falou deste livro no Fórum Fantástico de 2024, observado que Miguel Santos equilibra muito bem e de forma transparente as suas influências literárias e estilísticas, e sublinho, essa é uma das características do livro. Não significa que as histórias sejam um pastiche, bem pelo contrário, o estilo, quer narrativo quer gráfico, é muito próprio, é nas temáticas, detalhes e construção narrativa que se percebe a mescla de inspirações. As visões são em simultâneo críticas e utópicas, do cyberpunk ao afrofuturismo, com algumas incursões num fantástico mais surreal.