terça-feira, 8 de novembro de 2022

Vathek


William Beckford (1978). Vathek. Lisboa: Editorial Estampa.

Um clássico da literatura fantástica gótica, aproveitando o fascínio por uma visão mítica de orientalismo decadente. Um conto moral, que nos leva às mais sórdidas profundezas da alma, enquanto nos distrai com descrições voluptuosas de riquezas, poder e sensualidade.

Amante dos prazeres e do conhecimento, amado pelo seu povo, o califa Vathek é atraído por um demónio que explora uma falha fatal na maneira de ser do califa - a sua imensa curiosidade e vontade de descobrir novos prazeres, novas riquezas e ocultos saberes. Instigado e apoiado pela sua mãe, mulher conhecedora e praticante das mais negras artes mágicas, Vathek cede às tentações do demónio, abjurando da sua fé em troca da promessa de poderes e riquezas. Começa aqui um périplo descendente, uma viagem onde, por entre excessos e deboches, o califa se dirige a um local distante, indicado pelo demónio. Ao chegar, é-lhe concedida entrada nos infernos, onde o próprio Iblis lhe dá as boas vindas e o conduz às suas glórias e riquezas. Mas não será uma vitória, antes uma condenação a vaguear para a eternidade com a mão ao peito, lamentando o que perdeu, as vãs glórias da riqueza.

Texto influente do estilo gótico, Vathek cruza aquela exaltação negra típica dessa vertente literária com um fascínio orientalista, levado para o lado da sensualidade. É um magnífico conto decadente, cujo triste final moral serve de contraponto ao deslumbre opulento do texto.