Esta semana, destacamos as primeiras graphic novels ilustradas usando ferramentas de geração de imagem com inteligência artificial, os prémios para a animação portuguesa, e o Dia de Bloom. Fala-se das novas fronteiras das redes sociais, novidades no ambiente de programação para educação Makecode, e esse fabuloso robot que é o Baby Clappy (não conseguirão esquecer). Ainda se olha para a psicologia dos censores, o mau gosto dos ditadores, e a aterrorizante mascote da Nerf.
Ficção Científica e Cultura Pop
Chain-Gang Patrol: Duelos aéreos.
Werner Herzog’s Wondrous Novel of Nothingness in the Jungle: Tendo em conta as estéticas psicológicas específicas de Herzog, esse cineasta de obsessões, fico imensamente curioso com este romance, que recupera a história real de um soldado japonês que lutou durante décadas na selva filipina, sem acreditar que a guerra tinha terminado.
The Brautigan Library: Sim, uma biblioteca de manuscritos nunca publicados existe. Podemos sonhar com o seu conteúdo, mas suspeito que o melhor é ficar por aí e não experimentar as leituras. Haverá boas razões para estes livros terem ficado por editar, certamente.
Why Do We Forget The Books We’ve Read?: Gostaria que é para ter o prazer de os reler, mas na verdade, tem a ver com a forma como o nosso cérebro gere cargas cognitivas.
The 11 Best (and Worst) Sentient Robots From Sci-Fi: Os suspeitos do costume, a começar pelo clássico e inultrapassável HAL 9000. A lista é curta, e deixaram de fora o Bender, o que é de imperdoável.
TikTok Users Are Showing Readers How To Game Amazon’s Ebook Return Policy: Como NÃO apoiar os seus autores favoritos. Esta trend via TikTok (mas poderia vir de outra rede) é especialmente estúpida, é um pouco difícil de perceber o que leva leitores a alinhar nisto, tendo em conta que os bookaholics são na generalidade muito defensores dos seus autores favoritos.
Lungflower Graphic Novel, Drawn By A.I. Algorithm, Is First To Publish: Fascinante. Mas impreciso. Isto foi criado COM um algoritmo de inteligência artificial, não POR. Todos estes algoritmos, dos sofisticados DALL-E ao velhinho Deep Dream, são tão criativos quanto tubos de tinta de óleo ou caixas de lápis de cor. Recentemente James Bridley, que já olha para as novas estéticas e perceções trazidas pela computação avançada há praticamente uma década (pensavam que isto é novo? Nem por isso), observou que a corrente excitação com estes algoritmos está a levar-nos a confundir o fazer imagens com o criar arte. Estes algoritmos geram arte? Por si só, não, produzem imagens a partir da interpretação de prompts combinada com modelos de treino estético (é o que permite ao utilizador obter resultados com diversos estilos). Estes algoritmos podem ser usados para criar arte? Sim, e este é um excelente exemplo, com um criador a usar o Midjourney para criar esta banda desenhada. O processo está explicado na descrição. Duvido que o autor se tenha limitado a copiar texto e a aceitar os primeiros resultados, os prompts de certeza que incluíam indícios sobre o estilo visual, e também terão sido seleccionadas imagens a partir de diferentes resultados. Mais do que premonição de "os criadores vão ficar desempregados porque as máquinas agora são criativas" ou entusiasmos excitados com supostas consciências e criatividades que a inteligência artificial não tem, por muito que essas qualidades lhe sejam atribuídas, isto representa o melhor que a criatividade potenciada por inteligência artificial nos pode dar, na combinação do questionar humano com uma ferramenta que produz resultados interessantes, e que nos permite explorar novas estéticas.
A horror maestro’s quest for beauty: Redescobrir Dario Argento, esse esteta do terror e giallo. O seu Suspiria é uma experiência visual imbatível, intenso, avassalador na procura da beleza estética.
21 libros recomendados para leer este verano por el equipo de Xataka: Recomendações de leitura nunca são demais, embora confesso que não me atreveria a mergulhar na imensa saga One Piece.
Miles Morales As A Brooklyn Thor Causing Ructions On Social Media: Nada como as redes sociais para mostrar o racismo latente nas comunidades de fãs. São em geral uma minoria, mas uma minoria ruidosa que só deixa ficar mal todos os fãs. A irritação do momento? A Marvel ter-se atrevido a criar uma variante de Thor que não é loiro e de olhos azuis.
(Re)Assistindo: Lucio Fulci's Gates of Hell Trilogy: Um olhar para clássicos do horror violento italiano.
Mitos urbanos: Bárbara Prazeres: Uma história de arrepiar, vinda das lendas urbanas portuguesas.
Screw Up Your Courage. This Is A Great Time To Read “The Greatest Book Ever Written”: Cem anos de um dos melhores livros da literatura modernista, a longa odisseia dublinense do Senhor Bloom e amigos, que finaliza com esse monumento literário que é o monólogo de Molly Bloom. Um livro avassalador, e não é por acaso que todos os anos, se comemora o dia de Bloom.
Dante: Uma excelente crítica ao novo livro de Luís Louro.
Two New Mature Animated Features From Portugal: ‘Nayola’ And ‘My Grandfather’s Demons’: Duas animações premiadas, que mostram a capacidade e maturidade da animação portuguesa. Algo que não é novidade para quem conhece um pouco do que se faz, mas que surpreende o nosso mainstream.
Terraform Is Back With a Book. Join Us As We Watch Worlds Burn: Pensava que esta categoria da Vice tinha desaparecido, mas promete um regresso com o seu misto de ficção e futurismo. E, prenda extra, um livro que colige o melhor do que já foi publicado online.
Lisboa inspirou o novo mapa do videojogo Valorant e daí nasceu uma nova rota de arte urbana: Um sinal do potencial da indústria dos videojogos portuguesa, com o toque diferenciador de usar os espaços lisboetas, uma cidade que está na moda.
Miracleman From Aaron, Carey, Templeton, Stegman, Gaiman & Buckingham: Este lendário personagem está de regresso, com o final do longo processo de proprieade intelectual que impediu a sua publicação durante décadas.
Hitting the Books: Summer reading list: Da ficção à não ficção, sugestões de leitura à volta de temas tecnológicos.
Tecnologia
John Berkey, “Isolation Lab": Ah, tão atual.
AI Shakespeare and AI Oscar Wilde Debate Machine Creativity at Oxford: Uma experiência divertida, que colocou vários algoritmos NPL (processamento natural de linguagem) treinados em corpos de texto específicos, a responder a indicadores. Os resultados espelham os seus modelos de treino. Felizmente, os media ainda não deram com este evento, senão seríamos inundados de mais patacoadas do tipo inteligência artificial consciente, só porque as probabilidades dos espaços latentes geraram texto coerente.
Notes for a talk - Wordle is a Love Story: É o mais interessante do Wordle, e dos jogos nele inspirados, o estar a ir contra a cultura de notificação constante e caça à atenção dos utilizadores que se entranhou na cultura digital.
Training AIs to Make Art: O desenvolvimento de algoritmos para gerar imagens tem várias repercussões curiosas. Uma delas é a forma como nos leva a olhar para os processos criativos humanos, encontrando uma nova vertente de análise à luz dos processos de criação por inteligência artificial.
USB de tu router: los mejores usos que le puedes dar a este puerto para aprovecharlo al máximo: Boas dicas para tirar partido da porta USB do router de acesso à internet.
Video Friday: Baby Clappy: Se o robot que bate as palmas é o que mais desperta a atenção, há aqui uma reportagem vinda do Festival Nacional de Robótica português, que decorreu em Guimarães, do momento em que uma equipa de Futsal feminina disputa um jogo de futebol contra uma equipe de robots.
Activists using 3D scanning in new initiative to archive Ukrainian heritage sites before Russia destroys them: Lidars, fotogrametria, iPhones, tudo vale nesta iniciativa que arrancou poucos dias depois do início da invasão da Ucrânia. O objetivo é preservar o património cultural ucraniano, face à selvajaria do exército russo.
Zero Rating proibido na Europa: Finalmente. Este tipo de tarifários distorce um elemento essencial da internet, a neutralidade dos bits, favorecendo serviços e parcerias de negócios em detrimento da vontade dos utilizadores.
The next big social platform is the smartphone’s homescreen: Na eterna luta pelos sucessores, a tendência parece ser círculos pequenos, e um imediatismo que nega o artificialismo dos influencers. Se bem que, depois de experimentar uma destas apps conceituadas, a BeReal, tive uma séria dificuldade em perceber qual a sua piada.
DALL-E funciona con las imágenes de creadores que no reciben nada a cambio: qué dice el copyright sobre la IA: E não é só o Dall-E. Todos os algoritmos de geração de imagens com inteligência artificial dependem de modelos de treino para os seus outputs de estilo visual, ou seja, enormes bancos de imagens criados por artistas humanos. Como é que acham que estas apps nos dão imagens ao estilo DaVinci ou Van Gogh? Se no caso destes, a questão de direitos de autor é menor, tal já se coloca de forma mais premente com artistas vivos.
Hitting the Books: What life on the internet was like at 300 bits per second: Banda estreita, mas visão larga. Uma história dos primórdios do mundo online, e das suas ricas comunidades.
No Minds Without Other Minds: Uma excelente contribuição para o debate sobre o potencial de consciência da inteligência artificial, que nos recorda que a consciência não é algo exclusivo dos humanos, mas envolve fatores internos e externos, algo que os algoritmos não dispõem. São discussões de incerteza, interessante de ter.
Watch a robot paint graffiti just like a person: Um robot que aprende movimentos de grafiteiros e os replica.
MakeCode for the micro:bit – Buzz, Beep, Bing, Hello 2022 Update!: Uma lista enorme de excelente novidades, vindas da equipa do MakeCode. Mais hipóteses de composição sonora, mais facilidade no uso de extensões, e a novidade do Jacdac, que honestamente me parece ser a Microsoft a querer meter-se num mercado já bem explorado por empresas como a SEEED Studios.
De delirantes creaciones a obras de arte: así es Parti, la nueva inteligencia artificial de Google para crear imágenes fotorrealistas: A seguir às DALL-E e Iamgen, mais um potente algoritmo se junta aos geradores de imagem por inteligência artificial.
Generative Art Is Challenging What It Means to Be Human: Ia olhar para este artigo com toque céptico, pensando que se iria focar num suposto artificialismo da arte generativa, mas na verdade toca num ponto interessante - as reações legais, para as quais arte criada por mecanismos não pode ser atribuível a autores humanos. Algo que faz pouco sentido, porque são usadas, programadas e/ou construídas por humanos para gerar imagens.
Un barco real y otro virtual: dentro de la fragata F-110, el primer buque militar español con una réplica digital: Um dos futuros navios de guerra da marinha espanhola traz uma inovação intrigante - a simulação virtual do navio como forma de apoio à decisão no espaço real.
Amazon Shows Off Impressive New Warehouse Robots: O que os distingue, é a capacidade de operar em ambientes pouco estruturados.
Para sorpresa de nadie, el metaverso no es un lugar ni agradable ni productivo para trabajar: Quem diria, afinal enfiar-mo-nos dentro de capacetes que nos isolam do mundo e permanecer bastante tempo em ambientes virtuais não é uma boa experiência, em ambientes de trabalho?
The world’s biggest surveillance company you’ve never heard of: Um olhar para uma das empresas que é das principais operadoras no mercado global de câmaras de vigilância assistidas por inteligência artificial. Não surpreendentemente, é chinesa, país pioneiro no uso destas tecnologias para implementar uma sociedade de hipervigilância.
Por qué estamos obsesionados con hacer que 'Doom' funcione en los sitios más random: Sim, "mas o jogo funciona aqui" é o mais geek dos testes à capacidade quer do hardware, quer dos programadores.
The World’s Smartest Artificial Intelligence Just Made Its First Magazine Cover: Ah, títulos clickbait. O que realmente se passou foi uma equipe de designers que utilizou o DALL-E para gerar a capa da revista. Não se trata de mais um exemplo da suposta criatividade dos algoritmos, antes o oposto, da capacidade dos criadores humanos em apropriar-se destas ferramentas.
Apple Quietly Released One of The Most Impressive AR Room-mapping Tools: As capacidades de scan 3D dos dispositivos Apple são impressionantes, e esta demonstração de novas funções de mapeamento tridimensional que usa realidade aumentada para gerar representações esquemáticas de espaços reais, é de cair o queixo.
Modernidade
Franciszek Starowieyski’s poster art: Visões clássicas.
Proyecto Islero: el psicodélico proyecto de la España franquista para fabricar su propia bomba atómica: Aqui mesmo ao lado, durante os tempos da ditadura franquista, tentaram-se dar os passos necessários para desenvolver armas atómicas. Daquelas histórias muito inesperadas da história.
Russia Has a Plan for Ukraine. It Looks Like Chechnya: A invasão da Ucrânia tem um precedente, e é terrível - o esmagamento da Tchechénia no final do século XX, onde o exército russo triunfou usando precisamente as mesmas táticas de bombardeamento massivo e arrasador que está agora a usar nas cidades ucranianas.
The Mindset Behind Censoring Others: O que é que leva alguém a lutar ardentemente pela restrição cultural, pelo censurar, pelo estabelecimento de visões muito restritas? Um livro que detalha a via e obra (piada intencional) de diversos censores olha para o padrão destes como, essencialmente, pessoas que se ofendem e querem que todos os outros sigam a sua forma de estar no mundo.
Art / Not Art: É divertido ler os tecnólogos com ar confuso, perdidos nos labirintos das definições de arte. Porquê? Pela colisão entre o seu otimsimo binário sillicon valley e os debates mais complexos trazidos pelos algoritmos de geração de imagem. Que, obviamente e em linha com o seu tecno-otimismo, são logo apontados como criativos e artísticos, quando na verdade não o são.
Souvenirs From a Civilization That Kills Its Children: Um poderoso projeto artístico, que nos recorda esse fenómeno eminentemente norte-americano que são os massacres a tiro nas escolas.
Why Do Dictators Have Such Bad Taste?: Não seria exatamente o primeiro problema que me viria à cabeça quando se fala de autocratas, mas de facto, até mesmo no gosto estético esta gente é má.
Where does the wealth go when asset prices go down?: Quando o valor financeiro desaparece, bem, desaparece mesmo, náo se transfere. Porque representa valores simbólicos dependentes da crença de grupos. Quando essa crença desaparece, o valor também se eclipsa.
What If Russia Uses Nuclear Weapons in Ukraine?: Pensar sobre o impensável, percebendo que com um frio e calculista ditador russo, todas as possibilidades estão em aberto. Até mesmo aquelas que queríamos ver afastadas, as do jogo nuclear.
The controversial history of the US military building shaped like a swastika: É um daqueles curiosos acidentes arquitetónicos. Mas poderá ter uma explicação ainda mais rebuscada - logo ao lado, há dois edifícios que vistos de cima, parecem-se com bombardeiros a atacar a cruz suástica. Suspeito que será um caso de generais e arquitetos com bom humor, e um futuro que já não compreende essa história.
Nerf Debuts First-Ever Mascot, Murph: Bem, não sei se isto é uma mascote, ou um indutor de pesadelos.
What a 1904 War Can Teach Vladimir Putin: Os paralelos, e diferenças, entre a agressão criminosa à Ucrânia e a guerra russo-japonesa, que também não teve os resultados esperados pelos russos.
