Duncan Ralston (2017). Woom. Shadow Work Publishing.
Uma leitura divertia, num certo sentido perverso. Mas que falha naquilo que pretende ser, uma obra escatológica e transgressiva, daquelas que choca o leitor com a deturpada imaginação do autor, as sevícias a que sujeita as suas personagens. De certa forma, este livro representa uma visão mainstream, polida, algo adolescente, do que o autor imagina ser uma obra de transgressão. É mesmo aí que falha, no polimento narrativo, mera sucessão descritiva de situações limite. Mas que não passam disso, de uma descrição sem ligação emocional.
Woom tem um formato clássico, de antologia de episódios díspares que se interligam. Tudo se passa à volta de um quarto num motel decadente, palco de situações limite. Onde um homem com estranhos anseios conta a uma prostituta uma sucessão de desventuras, como forma de a convencer a fazer um ato impossível (curiosamente, não sexual). O final do livro é mesmo o seu ponto mais interessante, onde a situação engendrada pelo autor mais se aproxima do fosso emocional das literaturas de limites. De resto, é um pouco como se se descrevesse um romance das irmãs Brontë sob a estética da pornografia.