terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Embedded


Dan Abnett (2011). Embedded. Londres: Angry Robot.

Dan Abnett é prolífico, e muito habituado à FC militarista, talvez como reflexo da enorme lista de romances Warhammer 40k que produziu. Pessoalmente, prefiro o seu trabalho como argumentista de banda desenhada. Na 2000 AD tem assinado algumas das mais interessantes séries de ficção científica. Atacou o problema da visão que temos sobre migrantes e imigrantes no brutal Grey Area, sobre uma força policial encarregue de controlar a entrada de alienígenas na Terra, a maioria dos quais aguarda processamento numa espécie de campo de refugiados. Agora está a assinar The Out, uma brilhante série sobre uma foto-jornalista que explora uma galáxia tão vasta e cheia de civilizações, que já nem sabe a que distância temporal e espacial está da Terra, para onde envia religiosamente fotos que não sabe se são publicadas, ou sequer recebidas.

Embedded é FC militarista pura, com um toque nostálgico a Guerra Fria. Num futuro próximo, as nações e blocos supra-nacionais espalham-se pelo espaço e colonizam planetas habitáveis, explorando os seus recursos. Mas as velhas rivalidades mantém-se, com um estado de constante tensão entre americanos, russos e chineses. Uma tensão que parece quase a explodir numa colónia recente, onde se sucedem ações militares secretas. 

Um jornalista envelhecido mas experiente é enviado ao terreno para tentar descobrir o que realmente se passa. Acaba por ser cobaia de uma tecnologia experimental, que transfere a sua consciência para o corpo de um soldado, conseguindo realmente incorporar-se no meio da ação. E aí tudo corre mal, o pelotão é quase exterminado por ação inimiga, o soldado cujo corpo o jornalista partilha é quase morto. No entanto, no meio da fuga, vai-se perceber a real razão pela qual os blocos políticos estão a quebrar a sua paz e a recorrer à guerra - o planeta alberga o único vestígio até ao momento encontrado de uma civilização extraterrestre. Um segredo que motiva uma violenta guerra secreta.

Se o conceito e estrutura deste romance é interessante e bem desenvolvido, o decorrer da história é bastante entediante. A maior parte do livro passa-se numa azarada operação militar, que Abnett descreve sem nos poupar a pormenores e arrastando-a o mais possível. Nota-se claramente que está a encher páginas, a insuflar para romance uma história que ficaria excelente como uma mais concisa novela. O final é súbito, deixando tudo em aberto, talvez criando a hipótese de regressar com mais livros numa série. Um livro escrito à medida dos fãs de ação na FC militarista, mas que espremido, tem muito pouco sumo.