quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Dylan Dog: Qwertington; Sally; Albachiara


Luca Vanzella, Luca Genovese (2021). Dylan Dog n. 418 bis: Qwertington. Milão: Sergio Bonelli Editore.

Uma rara segunda edição mensal, e uma das melhores histórias recentes do personagem. Surreal e onírica, a recordar os velhos tempos de Sclavi, com um horror atmosférico e cheio de referências à literatura e cinema. Dylan investiga o desaparecimento de uma jovem e vai até Qwertington, aparentemente uma pacata cidade galesa. Na verdade, a zona é um atrator estranho do surreal, da rotunda onde é bem possível que um automobilista não consiga sair aos praticantes de culto aos grandes anciãos, finalmente livres numa terra que tolera todas as religiões. Uma cidade onde a chuva provoca sósias que terão de ser abatidos pelos originais, o asfalto sobe e desce em marés, a biblioteca recomenda os livros que ainda não escrevemos, e a câmara local emprega pessoas em miniatura para resolver problemas rodoviários com pontos de fuga. Uma aventura deliciosa, surreal, do Old Boy.

Paola Barbato, Corrado Roi (2021). Dylan Dog n. 418: Sally. Milão: Sergio Bonelli Editore.

Uma mulher, Sally, contacta Dylan, suspeitando que está morta. Não sendo espectro, aparentemente não está, mas Dylan investiga o seu ex-namorado, e cruza-se com uma investigação da Scotland Yard, que não está a ser bem sucedida por todas as testemunhas aparecerem mortas. O elo de ligação é o ex-namorado de Sally, antigo consultor da Scotland Yard que foi afastado por ter proposto experiências com cérebros de criminosos mortos. Na verdade, foi mais longe, desenvolveu um soro capaz de devolver mortos a uma espécie de vida, quase sem memórias e propósito. Terá de eliminar aqueles em quem o soro foi usado, e com isso libertar as suas almas presas ao corpo. Uma história algo banal, muito longe do nível habitual de Paola Barbato, constrangida por uma parceria com um músico pop italiano, que vale essencialmente pelo brilhante traço de Corrado Roi, cujo grafismo a preto e branco assenta como uma luva na iconografia de Dylan. 

Gabriella Contu, Sergio Gerasi (2021). Dylan Dog n. 419: Albachiara. Milão: Sergio Bonelli Editore.

Seguindo a senda de histórias inspiradas em canções de um músico pop italiano, nesta aventura Dylan cruza-se com um homem invisível, apaixonado por uma rapariga perseguida. A invisibilidade decorre do seu medo de interação, que o tornou progressivamente invisível. Quanto à rapariga, espalha alegria mas cai sob a alçada de um demónio, que a quer só para ela. Beleza, solidão, possessão e um final amargo numa história desenhada de forma admirável.