quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Comics: Steeple; Le Labo; Los mitos de Cthulhu de Lovecraft.


John Allison  (2021). Steeple, Volume 2: The Silvery Moon. Milwaukie: Dark Horse.

Na sua primeira temporada, Steeple era uma divertida comédia de terror, onde uma jovem e idealista seminarista é destacada para uma paróquia remota na Cornualha. Remota e bizarra. Há um culto satânico em plena vila, com bruxas, satanistas, sabbaths e orgias à mistura, e o padre tem como missão defender a terra de incursões noturnas de criaturas vindas do mar. É neste ambiente que a jovem aspirante a reverenda cai. Na continuação, mantém-se o humor, mas com algumas reviravoltas. A mais destacada (e bela da aldeia) das satanistas decide abandonar o culto, enquanto que a jovem reverenda é enfeitiçada e junta-se aos adoradores do demo, que depressa começa a contaminar com a sua boa vontade de seminarista. Entretanto, a vila terá de se defender de ameaças como as de kaijus e alienígenas, ou um lobisomem semi-curado. A maior de todas? Uma visita do bispo que supervisiona as igrejas da região. Um comic divertido, desocmplexado, que merecia maior atenção dos leitores.


Hervé Bourhis, Lucas Varela (2021). Le Labo. Dargaud.

E se... a revolução da computação pessoal tivesse ocorrido em França e não nos Estados Unidos? Se um engenheiro de uma empresa de fotocopiadoras se tivesse rodeado de talentosos engenheiros eletrónicos, designers e programadores e, numa garagem nos jardins de uma mansão no interior francês, este grupo tivesse criado o primeiro computador pessoal, com rato, interface gráfico, programas e conectividade, e ainda iniciasse a invenção de dispositivos móveis para comunicações via rádio? Um belíssimo e se, que até mostra porque em França nunca seria possível nascer a cultura digital moderna - não por falta de capacidade técnica, a rede cyclades desenvolvida por investigadores franceses, está na raiz da Internet, mas pela cultura de burocracia e favorecimento do interesse das empresas. Meta-se nisso  uma pitada de mulheres que começam a revoltar-se contra a sua posição social numa sociedade machista, junte-se uma ilustração excelente, e temos uma divertida leitura que glosa a históra dos primórdios da nossa era digital.

Esteban Maroto (2016). Los mitos de Cthulhu de Lovecraft. Planeta D'Agostini.

Um mergulho nos Mythos lovecraftianos, essencialmente contando as histórias de sempre. Vale pelo traço barroco de Esteban Maroto, veterano da ilustração de terror dos anos 60 e 70. Invoca uma iconografia de terror surreal, cheia de imagens que enchem e deliciam o olhar do leitor. Um bom revisitar do estilo de um grande mestre da banda desenhada clássica de terror.