Chip Zdarsky, Lalit Sharma, Jorge Fornés (2020). Demolidor, Vol. 2: A Paz de Deus. São Paulo: Panini
Todo um arco narrativo sobre super-heróis... sem super-heróis. Perseguido pela polícia, com a cidade sob domínio do rei do Crime, o Demolidor decide retirar-se das ruas. Matt Murdock pendura o fato e dedica-se a combater o crime, agora não como advogado, mas como agente da procuradoria especializado em acompanhar criminosos em liberdade condicional. Mas a vida nunca será simples para este personagem, para quem altos e baixos são constantes. Envolve-se, quase sem querer, com uma livreira casada com um dos mafiosos de Hells Kitchen. Entretanto, a cidade move-se. O Rei do Crime, agora político legítimo, decide deixar os negócios criminosos e seguir outros caminhos, deixando o submundo sob controlo das famílias criminosas tradicionais. Com a polícia corrompida, o agente que se esforçou por deter o Demolidor tem a vida a preço, ameaçado pelos próprios colegas. Murdock vai percebendo que não pode ficar indiferente aos problemas, ao sistema corrompido onde vive, e será forçado a intervir de formas mais musculadas do que como simples advogado. Demolidor é um personagem com um historial complexo, e Chip Zdarsky fez-lhe justiça nesta série, onde não há valores morais absolutos enquanto o personagem se redefine.
Benjamim Percy, Marcio Takara (2020). Wolverine - A Longa Noite. São Paulo: Panini
Numa cidade remota do Alaska, uma série de assassinatos violentos desperta a atenção das autoridades. As vítimas aparecem esfaceladas e cortadas por garras. À medida que a investigação se desenrola, mergulhamos numa vila cujos habitantes escondem segredos - desde os proprietários dos negócios de que a vila depende para sobreviver, que se financiam no tráfico de droga, passando por indígenas ativistas e um culto esotérico apocalíptico. As suspeitas recaem sobre um estranho que chegou à terra em busca de trabalho, e que até tem umas garras retrácteis de adamantium, mas na verdade o mistério prende-se com uma maldição do norte gelado, que leva homens a transformarem-se em criaturas monstruosas. Uma aventura algo atípica de Wolverine, contada num ritmo de policial, com o personagem principal relegado para pano de fundo.
Dan Slott, Christos N. Gage (2021). Homem de Ferro 2020, Vol. 1 - Inicialização. São Paulo: Panini.
É difícil definir esta bizarria de comic, estranho apesar de estar dentro do mainstream. 2020 traz uma rebelião de robots dentro do universo Marvel. Todos aqueles personagens secundários robóticos decidem unir-se e combater pela libertação da inteligência artificial. E não demora muito até começarem a recrutar os robots mais simples. Até mesmo os aspiradores. Um exército de armaduras obsoletas do Homem de Ferro, LMDs da Shield e tudo o mais que os criadores da série se lembraram de meter nesta caldeirada. A ajudar à festa, temos uma empresa implacável, apostada em fazer regressar os robots à obediência cega, a qualquer custo. No centro de tudo, Arno Stark, irmão de um desaparecido Tony, que assume o manto de Homem de Ferro e se envolve nas lutas, sabendo que a verdadeira ameaça não é a revolta dos robots, mas sim algo que virá do espaço e que, para ser combatido, requer a união de esforços entre humanos e robots. A história aposta em ser demasiado frenética para fazer muito sentido, mas hey, são comics, certo? O delírio de ver os mais bizarros robots da Marvel em ação é o que marca esta série.