Ochazukenori, Kyoufu Kansen
Um conjunto de histórias de terror, curtas, estruturadas sempre da mesma forma: uma situação de suspense que depressa se transforma em assustadora, e se resolve em terror, sem finais felizes. A primeira história é a mais interessante, sobre uma frágil menina do ensino básico que, numa redação sobre as férias de verão entregue à sua professora, descreve os requintes com que assassinou toda a sua família. Deliciosamente tenebrosa, no contraste entre inocência e malvadez. O resto resume-se a um terror de liceu japonês, exceto noutro dos pontos altos, uma história em que os passageiros de um avião são acometidos por uma súbita epidemia, transmitida por um fragmento de meteorito, que lhes faz explodir a cabeça. Gore a 10000 pés é sempre interessante.
Atsushi Kaneko. Wet Moon
Uma história entre o policial e o surreal. Quando um jovem detetive com problemas de memória chega a uma cidadezinha costeira japonesa, está longe de suspeitar que o seu primeiro caso se tornará uma obsessão: encontrar a mulher suspeita da morte violenta de um homem. Uma investigação que o levará a mergulhar a fundo nos mistérios da cidade, desde uma força policial profundamente corrupta a uma fábrica que manufatura componentes de precisão para um projeto muito secreto de conquista lunar, que se oculta no subsolo urbano. Pelo meio, há a intervenção de um informante com a capacidade de ver o futuro, e o aparecimento de uma versão futura da suspeita. Tudo isto gerido por um investigador inexperiente, sem ter muita certeza do que é real e do que é alucinação, mal amado e constantemente enganado pelo seus colegas que o tentam corromper, e que é instrumentalizado pelo seu falecido superior para limpar a corrupção policial. Em pano de fundo, a iminência da primeira aterragem na Lua, considerada uma impossibilidade. Soa a policial, aliás começa por aí, mas Wet Moon depressa se torna numa daquelas histórias surreais, não lineares, que quando termina deixa mais coisas em aberto do que conclusões. A ilustração é memorável.
Tsutomu Nihei. BLAME! Gakuen
Histórias curtas, passadas no universo Blame!, que mergulham os personagens no estranho e caótico mundo da série. Que sempre achei algo incompreensível, mas sedutora, com a sua omnipresença de opressivas arquiteturas infindas, o visual mega urbano sempre foi algo que desperta o olhar em Blame!. As histórias divergem deste sentido, algumas são profundamente surreais, outras, variantes do género de mangá liceal.