quinta-feira, 13 de maio de 2021

Comics: DC Goes to War; Black Magic; Three Jokers

 


Robert Kanigher , et al (2020). DC Goes to War. Nova Iorque: DC Comics.

Um mergulho nos personagens de comics de guerra da DC, durante anos uma importante vertente editorial no género. Tem os suspeitos do costume - Blackhawk, Sgt. Rock, Enemy Ace, Unknown Soldier ou Haunted Tank, mas também personagens mais obscuros como The Losers ou Mademoiselle Marie. A temática é o esperado - histórias de aventura em combate. Mas é interessante ver a evolução de algo que se pedia que não passasse do elementar, do herói que combate os inimigos, para textos mais complexos (dentro dos limites dos comics), muitas vezes com fortes mensagens pacifistas e uma vontade de mostrar que a guerra não é aventura, é tragédia e desespero. Algo inesperado em títulos para entreter adolescentes. Isso é o efeito Robert Kanigher, cujas histórias para Sgt. Rock, Enemy Ace e Unknown Soldier mostram soldados amargurados, com dúvidas sobre o dever negro que cumprem, que convivem com a morte dos camaradas e amigos, ou mal sobrevivem a aventuras que se esperaria que fossem empolgantes. Isso é particularmente notável na história de The Losers que o livro reproduz - personagens que têm em comum ser os únicos sobreviventes das suas unidades, mas que não irão sobreviver a uma missão. Uma excelente introdução aos comics clássicos de guerra da DC, que nos dá um panorama da evolução e temáticas do género, e surpreende pela inesperada profundidade de algumas histórias.

Masamune Shirow (1998). Black Magic. Milwaukie: Dark Horse.

No passado longínquo, Vénus era o berço de uma civilização que se espalhou pelo sistema solar. Composta por seres antropóides, biodróides e humanos, vivia sob as maquinações de influentes políticos. As suas lutas internas levaram-na à destruição. Black Magic é a história dessas lutas, onde uma andróide biológica com capacidades técnicas e mágicas semeia o caos numa sociedade que está a ser conduzida para a sua aniquilação. Ou algo assim. Black Magic não faz muito sentido, é Shirow ainda jovem a desenvolver o seu estilo gráfico e capacidades narrativas. Nota-se os elementos estilísticos que veio a desenvolver em Ghost in the Shell, a incipiência dos seus grafismos tecnológicos e textos onde o humor e a ação coexistem.


Geoff Johns, Jason Fabok (2020). Batman: Three Jokers. Nova Iorque: DC Comics.

Três variantes do Joker. Três variantes de Batman. Geoff Johns triplica o número de Jokers nesta história, em que recupera o Joker camp dos anos 70, o psicopata dos 90 e o atual supercriminoso. Gotham está, como habitual, a ferro e fogo. Como tudo no Joker, é um jogo que instrumentaliza Batman, e os traumas de Batgirl (remetendo para a violência de Killing Joke) e Red Hoode (remetendo para Death in the Family). A aparição simultânea numa é explicada, nem é sublinhada como mistério, a linha narrativa não leva a lado nenhum. Mas de Geoff Johns já se sabe o que esperar: muita pretensão, pouco desenvolvimento. Safa-se a recuperação em tom de ironia muito negra de um personagem secundário obscuro, Gaggy, um dos sidekicks dos tempos camp de Joker.