terça-feira, 6 de abril de 2021

Androïdes: Ressurrection; Heureux Qui Comme Ulysse; Invasion

 

Jean-Luc Istin, Jesus Hervas (2016). Androïdes T01: Ressurrection. Toulon: Soleil.

No futuro, a humanidade parece ter conquistado a imortalidade, graças a uma pílula azul distribuída gratuitamente a todos. Mas um acidente em órbita, e uma série de mortes violentas, levará à descoberta da mentira em que se baseia este futuro radioso. Na verdade, a humanidade extinguiu-se há séculos, vítima de um vírus que resistiu a todas as vacinas (não é coisa agradável de ler em 2021, em pleno confinamento pandémico provocado pelo SARS-COV2). Os andróides conscientes substituíram os humanos, e apagaram as suas memórias para criar a ilusão que são, realmente, humanos. Muitos poucos conhecem este segredo, mas os que o conhecem, estão a trabalhar para ressuscitar a humanidade, implantando fetos preservados em andróides, para que façam gestações. No fundo, perante a extinção dos seus criadores, os andróides viram-se no papel de cuidadores, preservando o legado humano e tentando fazer renascer a humanidade, recorrendo a uma elaborada ilusão para o conseguirem.

Uma aventura de FC que não tem nada de novo, apesar do conceito interessante. O que não significa que seja má leitura, bem pelo contrário, a história está bem construída e é uma leitura bem divertida. Visualmente, a ilustração está excelente, trazendo à vida este futuro hiperurbano habitado por robots inconscientes daquilo que realmente são.

Olivier Peru, Geyser (2016). Androïdes T02: Heureux Qui Comme Ulysse. Toulon: Soleil.

Estamos no futuro profundo. Uma nave geracional que deixou a Terra, fazendo os seus tripulantes passar por ciclos de hibernação numa longa viagem em direção a outro sistema solar, sofre um acidente ao atravessar um campo de asteroides. A maioria dos tripulantes não sobrevive, e os que restam tentam manter a nave funcional para regressar à Terra. Séculos depois, apenas resta um único tripulante, o primeiro bebé a nascer em plena viagem, e que está em hibernação, agora envelhecido num corpo idoso, uma vez que a tecnologia atrasa mas não pára o envelhecimento. A nave, cuidada por uma androide especializada em educar crianças, e pela sua IA residente, aproxima-se agora do planeta de onde partiu, há quase um milénio atrás. O regresso mostra uma humanidade semi-extinta por ação de uma pandemia (ah, ler isto em 2021...), com punhados de descendentes de sobreviventes a viver em tribos regredidas. Curiosamente, veneram robots, por os seus antepassados serem as poucas crianças cujo sistema imunitário resistiu ao vírus, e terem sido protegidos por androides. O homem que não nasceu na Terra virá a falecer no planeta dos seus pais, e a androide que sempre o protegeu, junto com a IA da nave, descobre um novo papel como guia das comunidades humanas, iniciando um processo de recivilização. 

Esta série está a mostrar ter argumentos sólidos, trabalhando muito bem com elementos narrativos da ficção científica, com boas histórias e conceitos. Sempre com ilustração de bom nível a acompanhar. Apesar de ser série, não segue a estrutura de episódios com uma linha narrativa contínua.


Sylvain Cordurié, Emmanuel Nhieu (2016). Androïdes T03: Invasion. Toulon: Soleil.

Neste episódio da série, humanos dotados de estranhos poderes combatem uma invasão alienigena, A ativação de um humano hibernante, com poderes telepáticos, permitirá entrar na mente dos alienígenas invasores. E descobrir a verdade. Os alienígenas combatem não os humanos, mas uma espécie de vírus inteligente que quase destruiu o seu planeta natal. Agora dão caça ao vírus, que se espalhou  pelo espaço, destruindo os planetas onde este se abriga. Na Terra, o vírus teve sorte, e encontrou nos humanos os anfitriões certos. Para os proteger, e garantir a sua sobrevivência, guiou-os no desenvolvimento de tecnologias que conservam os humanos em casulos sob a terra, com as suas mentes portadas para corpos de robots que, à superfície, combatem os alienígenas. Pontos pela bizarria do conceito, que cruza uma miríade de influências, dos comics à FC, embora a história seja bem menos interessante do que o seu conceito de base.