quinta-feira, 8 de abril de 2021

Androïdes: Les larmes de Kielko; Synn; Les Déserteurs; La Dernière Ange

 

Jean Gaudin (2017). Androïdes T04: Les larmes de Kielko. Toulon: Soleil.

Até que ponto poderá ir um robot para proteger os seus amos? Neste caso, muito longe. A história mostra-nos um robot cuja programação, influenciada por cultura cinematográfica, parece estar a permitir-lhe adquirir sentimentos. Somos parcialmente levados a pensar que são de luxúria perante a esposa do seu dono, mas na verdade, são de extrema proteção ao dono. Ao ponto de levar o robot a assassinar para proteger os segredos de um homem que gosta demasiado de trair a esposa.

Stéphane Louis (2017). Androïdes T05: Synn. Toulon: Soleil.

Num futuro pós-humano, com a humanidade extinta após ter sido acometida pelo atavismo da imortalidade, resta aos robots espalhar-se pelo universo. Dotados de tecnologias que lhe permitem constante auto-reparação, são também imortais, e o tempo para atravessar os vastos golfos galácticos não tem significado. A androide que dá o título ao livro despenha-se num planeta, durante a sua missão de busca de locais para colonizar. Junto com a IA da nave que recupera dos destroços, irá adquirir um conhecimento sobre as formas de vida nativas, e com isso, começar a sentir o apelo da mortalidade. Acabará por desenvolver a tecnologia inversa à que dotou os seus criadores humanos de imortalidade, desenvolvendo corpos biológicos para albergar a sua mente digital.

Christophe Bec, Erion Campanella Ardisha (2019). Androïdes T06: Les Déserteurs. Toulon: Soleil.

Há uma forte vibração de homenagem a Starship Troopers e ao anime, essencialmente a toda a FC militarista que se meta com robots de combate. A humanidade está em guerra contra alienígenas, e para os combater desenvolveu robots de combate com diferentes níveis de autonomia. A guerra está a ser bem sucedida, e os robots terrestres lançam os primeiros ataques sobre o planeta natal da espécie alienígena. É aí que algo estranho acontece. Após receberem uma atualização de software para os tornar mais autónomos, dois robots parecem desenvolver consciência e tornam-se desertores. Serão, obviamente, aniquilados como ameaça, mas o seu criador compreende que as suas criações puderam, por um momento fugaz no campo de batalha, evoluir para mais do que máquinas com simulacro de vida.

Jean-David Morvan, Elia Bonetti (2020). Androïdes T07: La Dernière Ange. Toulon: Soleil.

Espalhados pelo universo, os planetas colonizados pela Terra parecem estar a sofrer uma inexorável invasão alienígena, que os arrasa por completo. Por entre as ruínas, chegam androides com a missão especial de recuperar a memória dos mortos, preservada em dispositivos digitais acoplados ao cérebro. Alguns desses androides desenvolvem um erro, que lhes dá consciência. E, com isso, irão descobrir a verdade sobre os massacres, que não são uma invasão alienígena, mas sim uma forma do governo terrestre aniquilar as vontades independentistas das suas colónias. Apesar da luta pela verdade, nada irá mudar.

Termina aqui o périplo por uma série que, sendo de entretenimento, se mostrou muito interessante. A ilustração foi sempre, consistentemente, boa, como seria de esperar de edições francesas. Já os argumentos, apesar de muitos seguirem caminhos previsíveis e não darem em histórias memoráveis, atreveram-se a mexer a fundo com temas e estruturas narrativas da FC. Robótica e inteligência artificial conscientes são os leitmotivs óbvios, mas os argumentistas meteram-se com um pouco de tudo, entre space opera militarista, mechas, pós-apocalipses, futuros pós-humanos e até um cruzamento entre a estética dos super-heróis e the Matrix. Uma série que não nos deixa a pensar, e nos dá essencialmente variações sobre temas clássicos da FC, mas como entretenimento que é, vale a pena descobrir.