Jonathan Case (2020). The New Deal. Lisboa: Levoir.
É tentador ler o título e pensar que esta história tem a ver com a política social que tirou os Estados Unidos da Grande Depressão. O que de facto, acontece. Os tempos da Nova Iorque, meados dos anos 30, são mediados pelo impacto das medidas de política social. Mas o verdadeiro novo negócio deste livro é outro, e é-nos revelado no final de um divertido e inesperado policial a preto e branco, que troca o escuro noir pelo reluzir do luxo.
Tudo se passa no Waldorf Astoria, o lendário hotel de luxo nova-iorquino. Temos um paquete irlandês que sonha com uma vida melhor, mas tem uma dívida para com um dos clientes do hotel, um milionário famoso. A quantia é minúscula, mas quando se é pobre, não há dívidas pequenas. Temos uma empregada afro-americana, que também é talentosa atriz nas horas vagas. A sua presença destoa no mundo de elegante segregacionismo do hotel. E ainda temos uma bela e misteriosa mulher, aparentemente rica e cliente habitual do hotel. Socialite de topo, recebe as mais distintas personalidades no hotel. Mas, quando um inesperado roubo parece apontar para um crime cometido pelo paquete, a história irá mostrar-nos que as aparências, sempre iludem.
A história oscila entre a narrativa de época e o policial. A ilustração evoca a época através do seu estilismo, recuperando a memória visual dos anos 30. Uma boa surpresa que cativa pelo grafismo, com um final de profunda ironia que não deixa o leitor indiferente.
