Mike Butterworth, Don Lawrence (2020). The Rise and Fall of The Trigan Empire Volume One. Londres: Rebellion.
Quando um disco voador se despenha na Terra, um cientista fica obcecado por decifrar os estranhos escritos que se encontram nos destroços. Um trabalho de décadas, mas que quando é terminado, dá a conhecer a história do império Trigan, do qual os tripulantes do disco voador eram os últimos sobreviventes. Do cataclismo final nada se sabe, as histórias das crónicas do império falam de um líder indomável, Trigo, capaz de subjugar nações mais avançadas e poderosas combinando coragem com diplomacia. E assim funda o império Trigan, o mais avançado do planeta Elekton.
É-me impossível não olhar para esta série clássica britânica como uma espécie de Flash Gordon à inglesa, apesar das enormes diferenças conceptuais. Aqui os heróis são o imperador e os seus amigos, mas as suas aventuras têm mais de capa e espada ou barbarismo. O próprio mundo ficcional é incongruente, um misto de ciência avançada com naves-foguete e armas de raios, armaduras de estilo romano, arquitetura clássica e espadas. Elekton é um mundo dividido entre diferentes etnias, e são todas muito distintas entre si. Trigan Empire é, no fundo, capa e espada com foguetões.
Se as histórias de Butterworth, típicas da ficção juvenil dos anos 70, envelheceram mal, o traço nem por isso. É, aliás, o grande argumento para se descobrir este clássico da BD britânica. O estilo de Don Lawrence é meticuloso e classicista, cada vinheta funciona como uma composição pictórica e não como ilustração. Talvez a comparação que me recorde seja com o estilo do espanhol Segrelles, que ganhou fama pelos seus álbuns mais próximos da pintura do que da BD. Trigan Empire é todo assim, num estilo cuidado de paleta de cores quentes, muita pose hierática, enorme detalhe na arquitetura e trajes, e naves futuristas num estilo deliciosamente retro.