segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Providence


Max Barry (2020). Providence. Nova Iorque: G.P. Putnam & Sons.

O primeiro contacto entre humanos e uma espécie alienígena não corre de forma auspiciosa, com os exploradores a serem liquefeitos pelo cuspo de incompreensíveis e monstruosas criaturas. É assim que a Terra se vê numa guerra interestelar, em combates longínquos contra enxames de criaturas com as quais não há comunicação possível. Nem se sabe, sequer, se se está a combater uma civilização ou criaturas acéfalas, movidas por imperativos de sobrevivência. Como os combates estão a correr mal, as forças terrestres decidem investir no controle de naves espaciais usando inteligência artificial. A sua capacidade de avaliação, decisão, resposta e mobilização dos potentes recursos militares é vastamente mais rápida do que a dos humanos. Como consequência, os combatentes humanos apenas estão a bordo das naves de combate como elemento de operação de relações públicas, meros adereços num combate automatizado entre IAs e alienígenas.

Seguimos a tripulação de uma dessas naves, onde algo corre mal. Um dos tripulantes vai tomando decisões cada vez mais erráticas, que levam a nave a reagir contra ele, e para evitar isso, a tripulação toma a decisão de reiniciar a IA. Erro crasso, especialmente quando nas redondezas andam enxames de alienígenas, que levará à destruição da nave, e à captura e morte de quase todos os tripulantes num planeta onde, paradoxalmente, se percebe o segredo dos alienigenas. Uma civilização acéfala de exame, que apenas se reproduz e espalha pelo universo.

É uma variante do velho tipo de histórias Monstros no Espaço, com toque de FC militarista e o intrigante twist das Inteligências Artificiais que são usadas como instrumento para instrumentalizar humanos. É, também, uma daquelas leituras que não se consegue largar. Max Barry mantém o leitor agarrado às páginas até ao último momento, equilibrando a linha narrativa com infodumps bem medidos e aprofundamento das personagens e mundo ficcional. Aliás, é a capacidade narrativa do autor que nos agarra a uma história que não traz nada de novo ao género.