quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Cosmos: Mundos Possíveis


Ann Druyan (2020). Cosmos: Mundos Possíveis. Lisboa: Gradiva.

Considero-me afortunado por ter sido uma criança Cosmos. Não me interpretem mal, não escrevo isto num sentido tretológico de espiritualismos e "ciências" alternativas. Fui um daqueles sortudos que, nos anos formativos da sua adolescência, chegava a casa e podia ver um programa de televisão chamado Cosmos. Um programa que me ajudou a formar enquanto pessoa, com a sua visão inabalável sobre curiosidade científica, vontade de olhar sempre mais além, e erudição no cruzamento de ciência com história e arte. Sim, aqueles que cresceram a ver o entusiasmo de Carl Sagan foram uns sortudos.

O espírito de divulgação científica acessível mas sem medo de complexidade de Sagan deixou marcas indeléveis. Influenciou todos os que se interessam pela ciência. Esse espírito foi reavivado com uma nova série, com Neil deGrasse Tyson, ele próprio um excelente divulgador. E, crucialmente, com organização de Ann Druyan, viúva de Sagan, continuadora do seu legado. É neste contexto que se insere este novo Cosmos. É continuidade, mas também atualização. O estilo é muito similar ao Cosmos original, tal como a erudição, abertura de ideias, e espírito de curiosidade.

Hoje, felizmente, já há mais conteúdos desafiantes que intrigam e captam o espírito para as ciências. Mas Cosmos não deixa de ser um marco, e esta nova versão atualizada faz justiça ao original.