terça-feira, 28 de julho de 2020

The Consuming Fire


John Scalzi (2018). The Consuming Fire. Nova Iorque: TOR.

Este livro é o meio de uma trilogia, e isso nota-se. A história tem de avançar, mas sem ser de forma decisiva, e grande parte dele lê-se como um game of thrones in space. Muita intriga, muitas manobras de bastidor, muitos interesses em movimento para derrubar uma imperatriz incómoda, por parte de nobres que procuram salvaguardar os seus lucros mesmo sabendo que a base da sua civilização está a colapsar.

Intrigas à parte, a linha narrativa mais interessante deste volume, porque expande o universo ficcional, prende-se com o que acontece quando uma expedição imperial regressa ao primeiro habitat humano perdido após o colapso das vias de comunicação, um fluxo incompreendido que tanto desaparece como pode reaparecer. A expedição esperava encontrar um habitat em ruínas, e, no entanto, depara-se com improváveis sobreviventes, descendentes dos colonos originais, e que se mantém vivos aproveitando ao máximo os destroços do antigo habitat. Mas esse sistema ainda revela mais um segredo. Uma nave pilotada por uma inteligência artificial consciente, que se revela ser algo que vem de outros espaços humanos habitados, para lá da Interdependência. Aqueles que se julgavam os herdeiros de uma humanidade isolada após o colapso da ligação à Terra, não o são. E, para adensar mais o enredo, quaisquer referências históricas que contrariem a ortodoxia foram apagadas dos registos. Exceto de uma base de dados imperial, uma inteligência artificial que contém uma cópia de todos os imperadores da interdependência.

O livro finaliza com tudo em aberto, apesar do triunfo de uma jovem imperatriz que, chegada ao cargo sem querer, se revela mais dura de roer do que o esperado. Toda a história paralela sobre outras humanidades, outras civilizações, e até uma possível ligação à Terra original, mantém elevado o interesse na série.