terça-feira, 14 de julho de 2020

The Collapsing Empire


John Scalzi (2017). The Collapsing Empire. Nova Iorque: TOR.

Confesso que não ligo muito ao trabalho de Scalzi, essencialmente por o achar um estilista. Joga muito bem com as iconografias da ficção científica, tem uma prosa de fluidez invejável, e agarra o leitor nas histórias que conta. Mas poderia fazê-lo facilmente em qualquer outro género, não é um escritor particularmente profundo. Lê-se bem, diverte, mas não enche as minhas medidas. Não vem daí mal ao mundo, claro, e de quando em vez é bom recordar que a FC não precisa de almejar sempre ir mais além, que por vezes, sabe bem ler uma história com intrigas e naves espaciais.

Primeiro volume de uma trilogia, este Collapsing Empire segue o clássico colocar de peças no tabuleiro de jogo, montando o mundo ficcional da série. Que é, essencialmente, variação da clássica space opera, com um império estelar, casas nobiliárquicas rivais, e confusões passadas num recanto remoto que irão abalar a estabilidade imperial. Aqui, a complicação está na forma como a humanidade sobrevive no espaço, usando um estado de fluxo para ultrapassar a barreira lumínica e interligar as diversas colónias espalhadas pela galáxia. O problema está nesse fluxo mostrar sinais de colapsar, e com isso isolar colónias que são, desde que se perdeu o conctacto com a Terra há milénios atrás, habitats espaciais ou em planetas inóspitos. Um sistema que depende da interdependência e das ligações, que está, sem o saber, à beira do colapso.

As coisas são complicadas pela ascensão ao poder de uma jovem e inesperada imperatriz, filha distante do corrente imperador, mas única herdeira possível após a morte do primogénito num acidente. Jovem e inexperiente, mas a ganhar força para se impor face às maquinações e jogos de poder das casas nobres que dominam o comércio. Alguém que ao chegar ao poder que nunca quis se apercebe que a sociedade que rege, um misto de teocracia com comércio, assenta numa mentira piedosa, criada aquando da perda de contato com a Terra, e com a capacidade de controlo dos pontos de acesso ao fluxo que interliga planetas. E que descobrirá, também, através do trabalho de um cientista exilado no ponto mais distante do império, que este está em colapso iminente. Um conhecimento que foi mantido em segredo, mas extravasou o suficiente para que uma das casas mais poderosas, pegando num modelo físico com erros, pense que pode explorar a situação para se tornar a força dominante no sistema.

O resto é aventura a bom ritmo, muitos personagens que variam entre o maquiavélico e no nonsense (Scalzi é peculiarmente adepto destes), e o tipo de visões grandiosas típica da Space Opera. Não é uma leitura profunda, mas divertida e interessante.