terça-feira, 23 de junho de 2020

Fumetti: Dieci centesimi; Il boia di Parigi


Maurizio de Giovanni, Sergio Brancato, Daniele Bigliardo (2020). Il Commissario Ricciardi: Dieci centesimi. Milão: Sergio Bonelli Editore.

Um jovem aspirante a estudante de filosofia é desviado do seu caminho por uma assombração. O espectro de uma criança violada e morta, que o deixa de tal forma abalado que opta por seguir criminologia. Anos depois, já inspetor da polícia, consegue apanhar o assassino cujo crime, paradoxalmente, mudou para melhor a vida do criminalogista.

Um policial de época, primeiro volume de uma série Bonelli que desconhecia. A história é sólida e bem construída, com um grafismo de estilo clássico que assenta bem numa série de época. Uma boa descoberta propiciada pela iniciativa Io Resto a Casa, que durante duas semanas publicou clássicos da casa editorial italiana em acesso aberto.


Paola Barbato, Giampiero Casertano, (2012). Le storie n. 1: Il boia di Parigi. Milão: Sergio Bonelli Editore.

Paola Barbato ensinou-me, com os seus argumentos para Dylan Dog, a esperar dela histórias de métrica e ritmo impecáveis, que deslizam até à conclusão final. Excelente argumentista procedimental, aplica os seus talentos numa história tocante e macabra. Leva-nos ao período do Terror, nos tempos da revolução francesa, quando a guilhotina era uma máquina de morte imparável. Mas por tétrica que fosse a sua profissão, o carrasco era um homem de justiça, que tentava sempre assegurar-se da dignidade dos condenados. E a tremenda injustiça da mortandade para gozo público levada a cabo por um regime de dementes leva-o a quebrar a sua isenção e a envolver-se, subtilmente, na política.

Um argumento impecável, vindo de uma argumentista sólida, que nos leva a uma época especialmente sangrenta da história europeia, e nos leva a vê-la sob um olhar diferente. Não se espera a história vista pelo olhar do carrasco. A ilustração está a cargo de um veterano da casa Bonelli, e isso nota-se na sua solidez.