terça-feira, 5 de maio de 2020

Comics: Batman: The Bat and the Cat; Our Encounters with Evil.


Bob Kane, Bill Finger, et al (2020). The Bat and the Cat: 80 Years of Romance. Nova Iorque: DC Comics.

Por pouco, parecia que Tom King iria colocar um ponto final na ambígua relação entre Catwoman e Batman com um casamento. Esteve por um triz, como parte fundamental do seu ambicioso e irrepreensível arco narrativo, e apesar de não ter dado esse passo, fê-lo de forma a manter a proximidade entre estas duas personagens, que parecem destinadas a intersetar-se mas nunca a cruzar-se. E não pelo argumento mais óbvio, o da criminalidade de Catwoman. Esse foi resolvido há muito tempo atrás. O argumento de King tem a ver com a necessidade de Batman ter um lado trágico. A sua iconografia como cavaleiro das trevas depende do trauma da sua infância, e uma vida amorosa feliz iria ser anacrónica. No entanto, as linhas sinuosas destes dois personagens continuam entrelaçadas, como sempre o estiveram desde o início. Este volume mostra isso, coligindo algumas das histórias que mostram a relação íntima entre estes dois personagens. Desde a golden age aos tempos atuais, e é também uma boa forma de rever argumentistas e ilustradores lendários. Este livro traz-nos trabalho de Bob Kane, Bill Finger (com não podia deixar de ser), Len Wein, Jim Aparo, Doug Moench, ou Darwyn Cooke, entre outros que levaram as suas visões ao par improvável da gata e do morcego.


Mike Mignola, Warwick Johnson-Cadwell (2019). Our Encounters with Evil: Adventures of Professor J.T. Meinhardt and His Assistant Mr. Knox. Milwaukie: Dark Horse.

A luta contra o mal, vista com muito humor discreto por Mike Mignola. Este criador pega nos ingredientes clássicos do académico combatente do oculto com um fiel companheiro, que busca e elimina as criaturas que provocam sobressaltos na noite nas zonas mais exóticas da europa oriental. Mas o professor Meinhardt e o senhor Knox são dos mais desajeitados caçadores de vampiros e exterminadores de lobisomens que se pode esperar, os casos misteriosos que investigam resolvem-se não por eles, mas com eles como testemunhas improváveis. O humor fino de Mignola, a forma como brinca com as iconografias da ficção clássica de terror, é uma das coisas boas deste livro. A outra é o traço do ilustrador Warwick Johnson-Cadwell, que tal como Mignola tem um estilo gráfico incomum e expressivo, que assenta como uma luva no espírito destas histórias.