quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Quantum and Woody Vol. 1: Kiss Kiss, Klang Klang.


Daniel Kibblesmith, Kano (2018). Quantum and Woody Vol. 1: Kiss Kiss, Klang Klang. Valiant Entertainment.

Comédia e super-heróis nem sempre se dão bem. Para cada Deadpool ou Lobo há dezenas de títulos que ficam melhor esquecidos, e é de notar que o sucesso cómico destes se deve ao humor negro da violência visceral. Ou seja, não é exatamente o que apelidaria de humor erudito.

Misturando super-heróis com o género buddy story, Quantum and Woody é daqueles raros títulos que consegue fazer humor, e do bom, dentro do espartilho dos comics de super-heróis. A premissa assenta toda em situações de tensão com humor. Quantum e Woody são uma dupla de... bem, quase heróis, ou apenas wannabes, cujo poder tem uma limitação: têm de regularmente fazer tocar as braceletes que lhes conferem poderes, senão desfazem-se em átomos. Algo mais difícil do que parece, porque estes personagens são irmãos desavindos. Um é negro, atinado e responsável, leva tão a sério o heroísmo que tem um uniforme e nome de código. Outro é branco e irresponsável, não se dá ao trabalho de ocultar a sua identidade, e a relação com o seu irmão adotivo é sempre complicada. Misture-se organizações secretas que querem dominar o mundo, cientistas loucos e o destino do pai biológico de Woody, e a receita para uma boa aventura está lançada.

Que só ganha com o estilo narrativo da série. É aí que ganha vida, na forma como a equipe criativa a aborda. Flashbacks constantes, non-sequiturs brilhantes, jogos metaficcionais com os estereótipos dos comics. E uma cabra. Nesta série, uma cabra é um personagem muito importante.