Kaiu Shirai, Posuka Demizu (2019). The Promised Neverland. Lisboa: Devir.
A premissa desta nova série editada pela Devir é deliciosamente macabra. Um grupo de crianças vive num orfanato, mas a sua vida não é de tristeza. São bem alimentadas, brincam a maior parte do tempo, embora tenham aulas e testes muito rigorosos. São felizes entre si, e sentem-se amadas pela governanta da casa, uma jovem sempre sorridente a que chamam mãe. Vivem alegres até saírem da casa, adotados por famílias que os irão acolher. Só que, na verdade, as coisas não são bem assim. Este orfanato tão anti-Dickensiano (é um perfeito inverso de Oliver Twist) é, na verdade, uma quinta que produz bens alimentares de luxo para o palato delicado de uma elite. E as crianças são o produto. São carne criada para o consumo de demónios. Uma ideia deliciosamente macabra, não é?
Este primeiro volume introduz-nos à casa e à premissa, pelo olhar de três personagens que descobrem o segredo da casa e juram salvar todos os seus companheiros. Na tradição do mangá pop de arrastar a história o máximo possível, os capítulos são uma exploração exaustiva de pormenores, que vão adensando o enredo e construindo o mundo ficcional. O estilo gráfico é o esperado neste género de mangá, com um certo olhar de deslumbramento com a estética europeia fin de siécle.