quinta-feira, 29 de agosto de 2019
The Silk Roads: A New History of the World
Peter Frankopan (2015). The Silk Roads: A New History of the World. Londres: Bloomsbury.
A história global, analisada de um ponto de vista diferente do habitual. Normalmente, lemos a história focada na Europa como o centro a partir do qual giram os acontecimentos. Frankopan desloca o eixo da história global para o médio oriente, mostrando-nos como esta região tem sido o palco central. Essencialmente por ser uma zona de transição, o espaço entre a europa e a ásia, por onde passam as rotas comerciais milenares que unem os continentes. Frankopan defende este ponto de vista com argumentos poderosos: a expansão de Alexandre para a Ásia; se, como europeus, reclamamos a herança do império romano, na verdade o seu principal foco estava também na ásia; a época das descobertas, essencialmente motivada pela busca por rotas marítimas de comércio com a ásia que ultrapassassem os domínios árabes e venezianos, que controlavam as rotas marítimas e terrestres herdeiras da clássica rota da seda. Um peso histórico que hoje se sente, pela preponderância do petróleo e jogos geopolíticos pelo seu domínio, mas também pelo ressuscitar dos antigos caminhos como via alternativa de comércio e troca de bens entre a China e a Europa.
No livro de Frankopan, o médio oriente é analisado como pivot dos eixos históricos, por ser uma zona de fronteira. Dois pólos, Europa e Ásia, têm uma dependência milenar de trocas comerciais entre si e quem está no meio colhe benefícios. Com isso, enormes riquezas que despoletaram a avidez ocidental. Mas a verdadeira história deste livro está na ideia da rota da seda (em bom rigor, rotas, porque existiram vários caminhos de interligação) como artéria planetária, caminho de tráfego de bens e culturas entre civilizações que, durante séculos, não se conheciam diretamente mas, através dos intermediários do oriente, se relacionavam entre si. Um livro intrigante sobre história e geopolítica, que se inicia nas primeiras civilizações e termina com o rescaldo da intervenção americana no Iraque e Afeganistão, a iteração mais recente dos jogos de poder para controlar as riquezas e recursos desta parte do mundo.