domingo, 3 de março de 2019

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AI Artist Robbie Barrat And Painter Ronan Barrot Collaborate On “Infinite Skulls”: Um projeto artístico muito intrigante. Um investigador em inteligência artificial, conhecido pela forma como consegue explorar criatividade com GANs, junta-se a um pintor que tem como hábito pintar caveiras quando quer limpar pincéis no final das suas obras. O resultado é uma forma interessante de rever a produção artística, utilizando uma IA treinada num banco de dados de obras específicas de um único autor. Há alguns pontos curiosos no projeto, especialmente na forma como o artista que usa meios tradicionais reviu os seus preconceitos face ao digital, percebendo que a geração de imagens por inteligência artificial não é tocar num botão e já está, depende muito de um processo de escolha e reflexão por parte de quem treina a IA.

Estive a Ler: A Máquina de Fazer Espanhóis: Aproveitei a resenha no Notícias de Zallar para ver se valia a pena dar uma oportunidade a Valter Hugo Mãe. Pelos vistos, o que vale a pena é não perder tempo a ler mais este exemplo da intelectualidade vácua das letras portuguesas. Que é, honestamente, o que me leva a não pegar nestes autores. Tudo neles é tão imbuído de sentimento e importância, de reflexão e almejar sempre os píncaros, que me parecem pouco mais do que exercícios de estilo.

Apocalypse Is Now a Chronic Condition: Ou, colocando a questão noutros termos - abusar de ansiolíticos é forma de suportar a condição humana contemporânea. O artigo coloca a questão de forma elegante: como é que conseguimos suportar a banalidade do dia a dia, o pagar as contas, ir para o emprego, usar transportes, enquanto ao mesmo tempo sabemos que temos o futuro próximo irremediavelmente comprometido pelo capitalismo selvagem e alterações climáticas? Não por acaso, as distopias tornaram-se o género pop mais consumido.

Latest Windows 10 build puts desktop apps in a 3D world: Uma boa notícia para aqueles que sempre quiseram trabalhar no Word usando realidade virtual. Por outro lado, isto parece-me tão anos 90, essa outra época em que se acreditava que a realidade virtual iria ser o futuro... uma ideia recorrente nos seus ciclos de entusiasmo e inevitável falhanço. A menos, claro, para quem gosta meeeesmo de usar aqueles dispositivos clunky para aceder a recursos digitais.

After #MeToo, whole industries have been blacklisted by insurers for sexual harassment liability coverage: A indústria dos seguros não é à partida algo em que se pense quando falamos de progresso social. Até nos apercebermos que numa sociedade litigiosa, os atropelos têm custos, e que parte deles são suportados por seguros. O resultado: as seguradoras recusam-se a fazer apólices a empresas que tenham culturas nocivas ou personalidades conhecidas pelos seus comportamentos danosos. Notem que a lógica do negócio dos seguros não é salvaguardar em caso de catástrofe, é evitar situações catastróficas para não perder dinheiro. A mensagem é clara: se há malta na empresa que gosta de assédio sexual, não há apólices, porque a seguradora não está para perder dinheiro com isso. É uma forma algo enviesada de progressismo...


Ellsworth Kelly US Stamps: Isto dá vontade de arranjar pen pals do lado de lá do atlântico norte, só para ver se se recebe umas cartinhas com estes selos, que comemoram a obra do pinto abstrato Ellsworth Kelly. E são deslumbrantes.

Fool Britannia: A inacreditável estupidez do Brexit, visto sob as perspetivas da cultura britânica do excecionalismo (desde o império vitoriano à darkest hour da II Guerra), do substrato inglês (a região que verdadeiramente votou a favor do brexit foi a inglaterra, não o restante reino unido) e das personagens tóxicas, incompetentes ou criminosas que tomaram conta da vida política.

A Brief History of the U.S.S. Enterprise's Pre-Kirk Voyages: Menos do que seria de esperar, mas suspeito que há aqui filão para algumas séries ou filmes, mesmo com retconns à mistura. Estas histórias ocultam o verdadeiro apelo de Star Trek enquanto conceito: não é só a aventura, é a visão de um futuro verdadeiramente progressista em termos económicos, sociais, políticos e culturais.

NOTES ON THE RUN: PUT ON YOUR TINFOIL HAT BECAUSE HERE WE GO…: O que é que se passa na cabeça de um divulgador de ciência quando lhe fazem perguntas sobre alienígenas e sua propensão para capturar vacas/a alunagem foi filmada em estúdios/inserir teoria da conspiração aqui? Este artigo dá uma boa ideia disso. O que irrita, no fundo, não são as teorias bizarras, mas a crença cega dos seus defensores, para quem as provas em contrário apenas reforçam as suas teorias. É dunning-krugerismo all the way down.

The Unpredictable Rise of China: Sabemos que estamos no século chinês, com a China a reclamar o seu lugar como potência económica e militar. Mas até que ponto esta é uma posição realmente sustentável, com um rápido expansionismo inflacionado? Este artigo coloca água na fervura daqueles que tremem perante o gigante chinês. E atreve-se a perguntar até quando o partido comunista, que se aguenta no poder através da hipervigilância mediada por tecnologia e repressão pura, será visto como ideologicamente legítimo pelos chineses?


the ten dimensional maze: A fronteira entre o foleiro e o divinal é ténue, nestas ilustrações. Pessoalmente, intrigam-me sempre estas incursões algo ingénuas nos domínios da arte digital, vindas de um tempo em que o digital era ainda demasiado novo e cru, e não como hoje, banalizado na manipulação digital do photoshop ou no hiperrealismo do 3D.

Before It Conquered the World, Facebook Conquered Harvard: É inescapável, a rede social azulinha fez quinze anos. Na Atlantic, Alexis Madrigal recorda os seus primeiros dias, e como desde o início o site era inexplicavelmente aditivo. De site dedicado aos frat boys and girls das universidades americana de elite, tornou-se uma força tecnológica e cultural que transformou o mundo. Para muitos, o facebook é sinónimo de internet, e a forma como medeia as interações culturais oscila entre o positivo e o tóxico.

Google hired microworkers to train its controversial Project Maven AI: Não tinha prestado muita atenção a esta notícia, quando surgiu. Afinal, o que revoltou os funcionários da google foi a empresa que até há pouco tinha como lema don't be evil participar num programa de treino de IA para reconhecimento facial avançado de imagens de drones. Ou seja, tornar mais eficaz e automatizada a estratégia de assassínio via drone.

Capitalism’s New Clothes: O novo livro de Shoshana Zuboff sobre capitalismo e hipervigilância parece ser a leitura obrigatória do momento. Cavear lector: a análise de Evgeni Morozov é longa e detalhada, e critica-a por inconsistências ideológicas.

Time, Motion, and Awe in Regards to Moving Pictures: Não é fácil para nós, habituados à banalização da imagem em movimento, perceber o impacto visual e psicológico que tiveram os primeiros filmes. Especialmente pela possibilidade de ver ao contrário, inverter o sentido do tempo. Por outro lado, sempre que um novo media nos deslumbra - pensem a primeira vez que viram um filme em 3D estereoscópico, ou mergulharam em realidade virtual, sentiram algo similar àqueles que, há mais de cem anos trás, viram tudo o que conheciam graças à sua perceção desafiado pelas imagens projetadas na tela.

A LITTLE DIGITAL PIRACY BOOSTS THE BOTTOM LINE: A questão da pirataria não é linear. Se os detentores de propriedade intelectual nos querem fazer crer que qualquer download é matá-los à fome, na realidade as coisas têm nuances. Há a partilha como forma de gerar interesse, garantindo que o produto seja selecionado como conteúdo em canais. Esta investigação mostra outro efeito, sobre preços e acessibilidade. E há ainda outra vertente, pouco falada: pirataria como forma de conhecer/aceder a conteúdos indisponíveis, raros, com pouco interesse comercial ou de nicho.

OPERATION BACKFIRE: WITNESS TO THE ROCKET AGE: No fim da II Guerra, americanos e russos apressaram-se a agarrar os mentores e técnicos da construção de mísseis, foguetões, aviões a jato e outros projetos. E os restantes aliados? No caso britânico, restou-lhes capturar alguns soldados capazes de disparar mísseis V2. Documentaram o processo, e é algo que hoje nos parece extremamente primitivo. Há que sorrir perante as descrições de soldados a fumar enquanto despejam combustível para os depósitos dos mísseis. No entanto, apesar do aspeto rudimentar, foi assim que se começaram a desenvolver as modernas técnicas aeroespaciais de lançamento de foguetões.

Money Machines An Interview with an Anonymous Algorithmic Trader: O trading algorítmico explicado por quem o utiliza. Versão resumida: a Inteligência Artificial vai ter um impacto enorme nos serviços financeiros. Aliás, já o está a ter, com a adoção progressiva de sistemas de decisão de operações de bolsa automatizados.

HERÓIS INESQUECÍVEIS (61) - FLASH GORDON: O Blogue de BD recorda-nos um dos grandes heróis da era de ouro da BD. Recorda algumas das suas edições portuguesas, e dá-nos algumas curiosidades. Como, por exemplo, descobrir que nos tempos do antigo regime o personagem teve o nome adaptado para o mais lusitano Roldão o Temerário.

Google pays more in EU fines than it does in taxes: O que não significa que a Google esteja a pagar multas assim tão altíssimas. É mais o resultado da engenharia financeira de trocar fluxos de lucros entre países para obter a chamada competitividade fiscal, ou seja, formas de pagar o mínimo dos mínimos em impostos. Algo que é prática comum na economia contemporânea, e uma das raízes dos problemas que sentimos, hoje. Quando entidades fazem lucros milionários mas não contribuem para o bem comum, todos perdemos.

Dozens of Cities Have Secretly Experimented With Predictive Policing Software: É um dos usos mais polémicos da inteligência artificial. O policiamento preditivo parece uma boa ideia, como forma de apoio à decisão e permitindo aos agentes de segurança alocar recursos de forma eficaz. O problema está na forma como o faz. Baseia-se na recolha de dados de crimes cometidos, cruzados com áreas geográficas. Mas se essa recolha de dados for enviesada, o uso destes sistemas aumenta o risco de perpetuação de estereótipos, preconceitos e zonas de pobreza.

Are Cyborgs Already Here? An Intro to the Debate and Why It Matters:  Apesar de não andar aí ninguém pelas ruas com óbvios implantes tecnológicos, é de observar que são poucos, hoje em dia, que não dependem de algum recurso tecnológico para o seu dia a dia. Algo que tanto pode ir do avançado implante médico, à já banalizada externalização da memória para dispositivos móveis ligados à internet. Aliás, no que toca a esta última, diria que são poucos os que escapam ao we are borg, you will be assimilated.