domingo, 24 de fevereiro de 2019

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The Art of the Internet, Restored and Out in the World: Preservar a arte tradicional é relativamente fácil. Quer dizer, é um problema complexo, claro, o manter pinturas, esculturas, desenho e outros suportes a salvo da degradação trazida pelo tempo. Mas papel é papel, e tela, tela. A arte digital depende de suportes que com a evolução tecnológica ficam obsoletos e, nalguns casos, desaparecem. O que fazer quando já não há ambientes que corram um programa, ou não há suportes físicos para o media em que a obra está arquivada? Esta exposição sobre os primórdios da Net Art recupera projetos clássicos, e as tecnologias que as suportam. A curadoria é da Rhizome, que desde que me lembro é a organização artística que mais se destaca nos domínios da net art.

Inteligencia artificial en 'Chappie': la autoconsciencia robótica como 'tabula rasa': O filme Chappie foi de facto um marco, na forma como cruzou IA com transhumanismo, desigualdades sociais, neoliberalismo selvagem (esperem, haverá outro tipo de neoliberalismo que não seja selvagem?) e socidade hiper vigiada. Este artigo mostra como Blonkamp foi meticuloso na forma como nos apresentou as visões de vida artificial. Confesso que nunca tinha reparado no pormenor de  o campo de visão de Chappie ter sempre uma janela de código que se atualiza constantemente, símbolo da sua aprendizagem contínua.

“The Linux of social media”—How LiveJournal pioneered (then lost) blogging: O que resta agora deste pioneiro da blogoesfera está nas imensidões siberianas dos trolls russos. Recordo-me de quando comecei a blogar, perceber que o LJ era à altura o local mais influente, com interações ricas. A Ars Technica faz a crónica deste serviço pioneiro, do nascimento ao acaso até se tornar irrelevante na paisagem digital contemporânea.

The Far Side of Utopia: Poderia a exploração espacial ser mais multicultural, com sucessos vindos de outros países? Há aqui duas bizarrias curiosas, vindas dos tempos da corrida espacial. Primeiro, o programa espacial libanês, essencialmente um projeto universitário que chegou a lançar um pequeno foguetão, mas acabou arrastado pelo caos que envolveu o país. Mas mais bizarro era o projeto de um pregador da Zambia, que queria enviar missionários para o espaço, e chegou a enviar voluntários para o deserto, para se treinarem. Não estava era clara a forma como era suposto chegarem aos céus para espalhar a palavra divina. Preces, normalmente, não são funcionais como combustível de foguetão.


Let’s Talk About Russia’s “Hunter” Next-Gen Unmanned Combat Air Vehicle Spotted On The Ground At Novosibirsk: Se não me dissessem que era um protótipo de drone russo, diria que era um X-47. Estes drones de combate furtivos chineses e russos são todos suspeitosamente parecidos com o modelo da Northrop Grummann. O conceito também, ter drones armados controlados a partir de um caça tripulado.

The 500-Year-Long Science Experiment: Ciência, a longo prazo. Experiências que atravessam gerações, e geram problemas muito específicos. Ficarão esquecidos no fundo do laboratório, num canto empoeirado? As instruções e lógica da experiência serão inteligíveis por futuros cientistas?

GDPR MAKES IT EASIER TO GET YOUR DATA, BUT THAT DOESN’T MEAN YOU’LL UNDERSTAND IT: Aventuras no direito aos dados postulado pelo RGPD. Os gigantes da tecnologia são muito generosos no conceito de apresentar dados de forma acessível. Digamos que json não seria sequer compreensível pela maioria dos utilizadores. Lá cumprir, cumprem, mas arrastando os pés e levando a coisa ao limite da paciência dos utilizadores. A lógica é simples; manter as coisas como estão, apostando na inação dos utilizadores.

GETTING TEACHERS TALKING ABOUT 3D PRINTING, A BETT 2019 REPORT: Os analistas do 3D Printing Industry foram à BETT, a feira inglesa de tecnologia educativa, descobrir o que se passa nos domínios da impressão 3D na educação. Uma oferta crescente, e progressiva consciencialização desta tecnologia como recurso educativo. O melhor do artigo? Observarem que o momento que verdadeiramente apaixona os alunos é verem o primeiro modelo 3D criado por eles a imprimir. Conheço bem essa sensação.

HOW GOOGLE AND FACEBOOK ARE SLOWLY STRANGLING THEIR DIGITAL OFFSPRING: Quando se fala nos problemas que os algoritmos de redes sociais nos colocam, este é dos menos discutidos. Tem a ver com a aleatoridade de decisões de negócio cujos efeitos se fazem sentir na forma como nos chegam as notícias. As redes sociais tornaram-se a principal forma para se ler e partilhar o tipo de conteúdos que tradicionalmente se ia ler aos sites dos jornais. Estes adaptaram-se, mostrando ser responsivos, mas aquilo com que não contaram foi com as decisões internas do Facebook. Algo que soa inócuo - o modificar o algoritmo para que os utilizadores vejam posts mais pessoais, significa uma razia nos meios jornalísticos, que perdem um canal aberto para leitores. E como estes não voltam aos jornais online, perde a sociedade, porque a partilha de notícias diminui fortemente. No caso do facebook a coisa é ainda mais insidiosa: os gestores da rede social encorajaram os criadores a investir em caras plataformas de vídeo, para pouco tempo depois lhes tirarem o tapete e negarem o acesso das audiências aos seus conteúdos.

THE CYBORGS AMONG US: EXOSKELETONS GO MAINSTREAM: A tecnologia já tem alguns anos de desenvolvimento, mas está finalmente apurada ao ponto de dispormos de próteses ou mecanismos auxiliares que funcionem como exoesqueletos, aumentando a força e agilidade dos seus utilizadores.

In War Torn Western Sahara, These Old Cars Are The King And Queen: O que fazer quando se vive num país que não existe, cujas cidades são essencialmente campos de refugiados, o deserto impera, não há praticamente estradas e a atividade económica está nas mãos de um país estrangeiro que lhe ocupa o território, sem que a ONU faça grande esforço para resolver a situação? Esse país existe, está mesmo à nossa porta. O Saara Ocidental deveria ser um país independente, mas continua ocupado por Marrocos. Algo que este artigo, que se foca na resiliência e facilidade de reparação que os veículos que os sarauís utilizam têm de ter, nos recorda.

A Tiny Screw Shows Why iPhones Won’t Be ‘Assembled in U.S.A.’: Este artigo sobre a incapacidade da Apple em relocalizar a produção dos seus equipamentos de luxo para os EUA lê-se como uma lista de reclamações do tio Patinhas. Aponta problemas específicos, a começar pelo humilde parafuso, que na américa já não é possível produzir com a rapidez e volume exigidos pela produção. E vai por aí fora. Páginas tantas, lá aparece uma voz dissidente, a de um industrial especializado americano que observa que não é possível produzir ao nível chinês porque devido ao movimento de deslocalização, não há incentivo para investir em manufatura elementar. Mas o jornalista que escreveu este artigo excita-se, e muito, quando se fala de relações laborais. A grande vantagem da China, aponta, é ser um país autoritário, onde se for preciso os trabalhadores trabalham fora de horas, e como até dormem nas fábricas, podem muito bem ser acordados a meio da noite para manter as linhas de produção imparáveis. Melhor, não é preciso pagar-lhes muito. A falta de humanismo elementar contida nestas afirmações é espantosa.

Extending Interactivity: Uma história das personalidades que, no dealbar da computação, nos levaram ao conceito de computação interativa.

Was Modernism Meant to Keep the Working Classes Out?: Pronto, esta é inesperada. Uma história da literatura vista pela lente da luta de classes. Ou melhor, história da leitura. Observando que havia, na promoção da leitura para públicos no Reino Unido do século XIX e princípios do XX, uma desigualdade de acesso a autores. Se as classes médias tinham dinheiro para ler autores contemporâneos, as classes trabalhadoras só tinham acesso aos clássicos. Nesta visão, havia duas literaturas: a intemporal para os pobres, e a inovadora para os com capacidade financeira. Curioso.

Why Flying Cars Are an Impossible Dream: Razões para não acreditar em carros voadores. Riscos de segurança - imaginem os noticiários a abrir com notícias de acidentes em que veículos caem do céu nas cidades, e inadaptabilidade do espaço urbano - como é que se vão construir zonas de aterragem para estes veículos. No entanto, talvez haja futuro para esta tecnologia, como forma de melhorar acessibilidades em zonas remotas.

Facebook pays teens to install VPN that spies on them: Privacidade? Que se lixe a privacidade, é preciso é ter acesso a todos os dados possíveis para ganhar vantagens competitivas. A falta de ética de quem, numa organização, se lembra e implementa estas soluções é inacreditável.


The Racism of 19th-Century Advertisements: Felizmente, as mentalidades mudam. Iconografias que hoje nos são ofensivas não eram vistas como tal há poucos anos atrás. Felizmente, evoluímos, e utilizar estereótipos racistas, hoje, já não é aceitável. Olho para estas imagens em duas vertentes: a de não branquear o passado, recordando que, realmente, as coisas não eram boas e havia muito para evoluir. E, também, a pensar: daqui a cinquenta, cem anos, quais são as ideias e iconografias que hoje nos parecem perfeitamente normais e aceitáveis, mas que irão ser consideradas ofensivas?

Watchmen’s Historical Precursors Brought to Light in Craig Yoe’s ‘The Unknown Anti-War Comics’: Uma visão sobre os comics de propaganda militarista, que inclui algumas observações sobre a infiltração pela CIA de movimentos pacifistas como forma de manipular a opinião pública no sentido contrário. E os comics foram uma das armas dessa luta.

Privilégio de homem branco: Nem sempre é confortável ler o Que Treta!, mas vale sempre a pena pela forma lúcida como as questões são colocadas. Aqui, fala-nos do privilégio, recordando que apesar do ruído, a questão de fundo é mais do foro social do que étnico.

Kieron Gillen’s Writer’s Commentary on Peter Cannon: Thunderbolt #1: O novo trabalho de Gillen para a Dynamite! recupera um personagem clássico, e a coisa promete, com toques dos temas de Watchmen à mistura. Quando um herói super-inteligente parece estar envolvido numa conspiração que envolve invasões alienígenas para provocar a paz global, a dívida com a obra de Alan Moore de Dave Gibbons é óbvia. Mas Gillen vai mais longe, com uma visão mais corrosiva.