quinta-feira, 13 de setembro de 2018
The Ceremonies
T.E.D. Klein (1985). The Ceremonies. Nova Iorque: Bantam Books.
Há uma forte reverência pela literatura clássica de horror neste thriller de cozedura lenta. Arranca com um ritmo lento, cuja cadência se acelera até um final frenético, não aquele frenesi da ação pura mas o culminar explosivo de um excelente crescendo de terror. Klein mistura muito bem o terror clássico com a sensação de apocalipse lovecraftiano e as iconografias das seitas religiosas tradicionalistas americanas neste The Ceremonies.
O horror começa no passado, com uma criança que descobre um monstro que se oculta nas florestas do interior de Nova Jérsia. Vai tornar-se o instrumento desse monstro, tendo como missão liberar o horror primevo, algo possível através de um elaborado rito cerimonial que só pode acontecer nas raras ocasiões em que um mês de julho tem duas noites de lua cheia, calhando a segunda na data de uma antiga festividade celta. Estamos nos anos 80 e os elementos do elaborado ritual assumem o seu lugar. A tarefa é meticulosa, já foi tentada anteriormente sem sucesso, mas a combinação de um inocente académico em busca de umas férias calmas no campo, uma inocente bibliotecária virgem a tentar descobrir a vida e um casal de agricultores de uma seita religiosa conservadora que vive numa tensão com a comunidade a que pertencem são os ingredientes finais, as vítimas cujo sangue selará a cerimónia. O resto é uma história de manipulação subtil, com uma magia telúrica que não deixa nenhum personagem incólume.
Com tanto crescendo apocalíptico, o final é quase anti-climático. Como qualquer boa história de terror, o mal perde no fim, as intenções malévolas são derrotadas. Mas como leitor, acabei por simpatizar mais com a personagem da criança que se torna ancião, que manipula os indícios mais subtis no cumprir da sua missão centenária, por horrífica que esta seja.