terça-feira, 5 de junho de 2018

Thanos: O Regresso do Vilão Cósmico



Jeff Lemire, Mike Deodato (2018). Marvel Coleção Especial #08 Thanos: O Regresso do Vilão Cósmico. Lisboa: Goody.

A Goody está a saber gerir muito bem o hype à volta do filme Avengers: Infinity War. O filme estreou sensivelmente a meio da publicação da mini-série Vingadores: Infinito, e tendo esta terminado, edita a seguir um volume da coleção Marvel Especial que é uma continuação da história de Thanos após a mini-série. Boa estratégia, a capitalizar na visibilidade do personagem em cross media para alargar públicos.

Guerra do Infinito coligiu as histórias de Jonathan Hickman para The Avengers, onde estes se afastam da Terra para combater uma ameaça cósmica, deixando-a à mercê do titã louco. É Hickman no seu melhor e no seu pior. Uma história de proporções cósmicas, contada naquele estilo hierático e pomposo que caracteriza o argumentista. O Regresso do Vilão Cósmico colige os primeiros seis números de Thanos, com Jeff Lemire como argumentista. Este autor tem uma queda para a Ficção Científica, e há um sabor a Space Opera na forma como aborda Thanos. Nestas histórias, o semi-deus imparável perdeu o seu poder, no rescaldo de Infinito, e descobre-se vítima de uma doença que o corrói.

Nas ruínas de Titã, Thane, o seu filho, cuja tentativa de morte foi o grande pretexto para a linha narrativa de Thanos em Infinito, ele também diminuído de poderes, arregimenta um grupo de poderosos mas rebeldes heróis cósmicos, com ligação familiar ao titã louco, com o propósito de o matar, exterminando a ameaça que representa para o universo. Thane irá revelar-se ser filho do seu pai, ao mostrar que a aliança era um pretexto para adquirir a lendária força Fénix (cujo ponto de partida foi a clássica saga Fénix de Chris Claremont em X-Men), recuperando poderes e tornando-se capaz de exterminar o seu pai. No entanto, no momento crucial, Thane decide poupá-lo, deixando-o vivo mas reduzido à insignificância de ser sem quaisquer poderes. No entanto, estamos a falar de Thanos, que mesmo sem poderes representará uma ameaça de proporções cósmicas. A grande instigadora desta aventura é a Morte, que trocou o pai pelo filho e seduz Thane com visões de poder ilimitado.

No fundo, tudo regressa à clássica série Infinity Gauntlet, escrita por Jim Starlin e desenhada por George Pérez nos anos 90. É a pedra de toque de Thanos, à volta da qual todas as suas histórias orbitam. Lemire mantém estas entre a space opera e o buddy movie, e a ilustração pesada de Mike Deodato dá-lhe aquele ar tenebroso que associamos a este super-vilão do panteão Marvel.