quinta-feira, 21 de junho de 2018
Martin Mystère: O Destino da Atlântida
Alfredo Castelli, et al (2018). Coleção Bonelli #07 Martin Mystère: O Destino da Atlântida. Lisboa: Levoir.
Apesar de não o ser, Martin Mystère lê-se como o tipo de banda desenhada de aventuras típica dos anos 40 a 60. Personagens focados com os seus acólitos., mistérios que misturam misticismo, arqueologia, história e conspirações. O sentimento de um tipo de aventura vindo de um outro tempo é muito forte ao ler esta personagem. A própria estrutura narrativa, sóbria, entre o infodump e uma acção bastante tranquila, parece ter mais a ver com os clássicos franco-belgas do que com a BD contemporânea. Martin Mystère tem um ar tão clássico, que parece datado.
Nesta aventura que o introduz ao público português, o desaparecimento de um satélite militar ao largo dos Açores vai despoletar uma aventura de contornos inacreditáveis. Enquanto os militares americanos se afadigam para estudar os artefatos milenares atlantes ocultos sob os mares açoreanos que ainda poderão estar ativos, Mystère é atraído por um chamamento místico para o local, e acabará por ser transportado para o passado, para os tempos da Atlântida, onde se reunirá com um seu antigo inimigo com o qual terá de tomar uma decisão que poderá alterar o rumo da história humana. Num pormenor desanimador, o fantástico mundo atlante é em tudo parecido com uma das nossas megalópoles contemporâneas na Ásia.
A segunda história coligida neste volume da Levoir, Assunto de Família, é uma divertida vinheta sobre alienígenas e videocassettes (para os leitores mais contemporâneos, as precursoras dos vídeos no YouTube). A história é curta, mas somos constantemente levados em direções inesperadas, numa aventura cerebral sobre um vídeo que mostra uma incursão extraterrestre na Terra e, décadas depois, um descendente dos alienígenas incursores, uma espécie similar a formigas gigantes que assenta a sua civilização numa visão extrema de boa educação (ser indelicado é motivo para execução) que vem à Terra procurar esse vídeo, não para ocultar provas ou servir de registo histórico, mas porque é a última imagem que tem do seu avô. História esplendorosamente desenhada por Sergio Toppi.