quarta-feira, 9 de maio de 2018
Points of Impact
Marko Kloos (2018). Points of Impact. Seattle: 47North.
O mais recente livro da série Frontlines mostra o problema de se ter uma série de sucesso. A premissa está esgotada, resta contar a mesma história de sempre, variando os ingredientes. Em Points of Impact, Andrew e Halley são colocados a bordo da mais poderosa e recente nave de combate terrestre. Reunindo a experiência militar norte-americana e o know-how técnico europeu, esta é uma nave concebida para sobreviver a ataques diretos dos quase invencíveis alienígenas, com armamento capaz de os destruir. Um casco reforçado, dois canhões de partículas de alta energia e uma carga de mísseis acelerados com propulsão por bombas nucleares capazes de acelerar ogivas a velocidades próximas da luz (uma referência de Kloos ao projeto Orion, um dos mais esandecidos, no entanto lógicos, projetos de criação de naves espaciais mais rápidas dos que as propulsionadas por motores químicos). E, claro, um poderio militar inagualável, numa nave capaz de transportar milhares de soldados. Com todos os tripulantes a envergar um uniforme azul. Pergunto-me se Kloos está aqui a fazer referências a Star Trek.
A história em si não traz nada de novo, pelo contrário, regressa a alguns dos livros anteriores. O primeiro cruzeiro operacional da nave, para treinos e testes, leva-nos a Arcadia, a colónia secreta que foi refúgio de uma elite que abandonou a Terra na sua hora de maior aperto (os eventos de Chain of Command). Essa missão é interrompida com a notícia da chegada de naves alienígenas a outra colónia, uma lua gelada com abundância de água que já havia sido palco de combates em Angles of Attack. Aí, o novo orgulho da frota terrestre mostrará o seu valor, aniquilando as naves inimigas em órbita, mas a vitória será amarga. O poderio militar em terra não é suficiente para derrotar os alienígenas, a colónia é evacuada e o planetóide irradiado com bombas atómicas para negar o seu uso. Enquanto a ação se desenrola, Andrew vai-se questionando sobre o seu papel como militar, cada vez mais cansado da rotina do combate.
O que remedeia o livro é a capacidade narrativa de Kloos, imbatível quando entra em acção. Mas as premissas começam a revelar-se estafadas, toda a série se resume à guerra contra um inimigo imbatível, usando armas cada vez mais evoluídas mas as mesmas tácticas. Kloos não dá um passo lógico, o do uso de armas biológicas para travar alienígenas quase impossíveis de derrotar. Fazer isso aceleraria o ritmo da série, e perder-se-ia o foco tradicional da FC militarista nos equipamentos militares futuristas.