segunda-feira, 20 de abril de 2015

Comics


The Fade Out #05: Vícios e escândalos na depravada Hollywood dos anos cinquenta, cheia de produtores lúbricos, actores decadentes e lindas raparigas dispostas a tudo para ter um lugar sob as luzes da ribalta. Ou melhor, sob o olhar da lente da câmara. Excelente, se crime noir for o tipo de coisas que vos aquece o sangue. Não sendo algo que me desperta por aí além a curiosidade, noto que é Ed Brubaker a fazer o que faz bem. Policial noir é com ele. E Sean Philips lega-nos estes momentos directamente saídos da nostalgia cinematográfica. Quase se ouve o ruído da película a passar no projector e se sente a escuridão da sala de cinema enquanto se imagina esta vinheta projectada num ecrã de cinemascope.


Chilling Adventures of Sabrina #02: Não surpreende que recentemente a Kotaku tenha apelidado a venerável Archie Comics de ser a editora mais corajosa do mercado, actualmente. Mantém o estilo adolescente pop de pastilha elástica levemente inalterado desde os anos cinquenta, mas não tem medo de experimentar e meter as suas personagens estereotípicas em cenários inesperados. As inocentes aventuras dos adolescentes de Riverdale, cidadezinha de nostalgia all american, já se meteram com assassinatos políticos motivados pelo controle do porte de armas e casamento gay, o que provocou síncopes nos meios mais conservadores, traídos por estes surtos de contemporaniedade a infectar os seus sonhos cor-de-rosa de uma américa iconográfica. A editora também aposta no absurdo, com os eternos adolescentes a meterem-se com Sharknado ou Predator, e ainda prepara surpresas que incluem um redesenho dos seus personagens por Mark Waid e Fiona Staples. Essa mesmo, a ilustradora de Saga. 

E ainda há isto, esta coisa extraordinária que é o Archie Horror. Primeiro com a demolição do adolescentismo de Archie no meio de uma infestação sobrenatural de zombies que terminou com requintes lovecraftianos, conduzida por Francesco Francavilla a arrepiar com a ilustração. Segue-se a inocente bruxinha Sabrina, revista dentro de um horror visceral e escatológico que desequilibra a vida adolescente com tias necrófogas, actos de reprodução sexual dinásticos e uma suicida de coração estilhaçado que regressa dos infernos para se vingar sob a descendente do homem que amou e a rejeitou. Robert Hack ilustra, a canalizar no grafismo riscado Alfredo Alcala, um dos mestres clássicos do comic de horror. Roberto Aguirre-Sacasa continua como o grande culpado desta intromissão de um horror violento que não se intimida com a luxúria do medo na estética rosada da editora.


The Tithe #01: Matt Hawkins deu descanso ao seu génio da ciência secreta de Think Tank e atirou-se à religião neste comic policial sobre ladrões que assaltam seitas milionárias que enriquecem à custa da crendice dos seus seguidores. Nos posfácios da série, que no caso deste autor vale sempre a pena ler (os de Think Tank eram uma lição sobre tecnologia, política e geoestratégia contemporânea), assume-se como um ateu a atacar o pior da religião.