segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Comics


Annihilator #05Annihilator é Grant Morrison no seu pior. Pretensamente cósmico, a tentar chocar com conceitos-base incoerentes. O ponto de partida meta-ficcional do argumentista de cinema com um tumor cerebral que se vê metido numa aventura de proporções cósmicas fica completamente desperdiçado numa incessante e frenética sucessão de perseguições. A personagem pulp que ganha vida é irritante, o que é bom. Pelo menos tem alguma dimensão. A série decaiu numa banal história de invasão da Terra por uma força mortífera que apenas um herói acossado e o seu ajudante poderão travar. Mas vai tendo os seus momentos interessantes. Como esta referência à mais clássica FC, com Morrison a recordar o autómato Olympia de E.T.A. Hoffman nesta sua andróide cujo criador será a força tenebrosa vingativa que persegue o herói pulp através dos multiversos.


Legenderry Vampirella #01: Dizer que Legenderry foi um sucesso é talvez um exagero. Começou muito bem, mas Abnett parece ter perdido o interesse a meio da série e aquilo terminou de forma muito fraquinha. Mas a Dynamite não desiste de vestir as personagens de que é a actual detentora da propriedade intelectual (longa história) em roupagens steampunk. A Dynamite não é uma editora inovadora, seguindo o mais fácil caminho do sugar as personagens que adquire até ao tutano como revisionismos habitualmente banais. Desta vez coube a Vampirella a honra dúbia de ter uma série dentro do universo steam da Dynamite. A história é previsivelmente desinteressante, a estética steam está bem conseguida, mas o pormenor de interesse está nas vestes da personagem. Vampirella é uma das clássicas do erotismo nos comics, com aquele fatinho a fazer inveja a muito bikini, mas nesta série tem roupas menos reveladoras e mais consentâneas com um padrão neo-vitoriano.


Nameless #01: Grant Morrison, novamente, agora com a sua muito antecipada nova série para a Image. E a começar muito bem, com uma mistura psicadélica de futurismo e terror, cenário pré-apocalíptico conspiracional, e um personagem em equilíbrio precário entre o real e o terror que se oculta para lá da nossa percepção. Morrison tem afirmado que quer com esta série ir mais longe do que foi em The Filth. Sem os constrangimentos da DC será interessante ver até que ponto Morrison irá derrubar as portas da percepção com o bulldozer da sua imaginação.


Velvet #09: O que torna esta série interessante é a forma como desfaz os pressupostos da ficção pulp de espionagem. É uma história muito bem montada de segredos e conspirações dentro de conspirações, sem quaisquer simplismos moralistas e a rever numa estética retro o pós-guerra fria imediato. Outra coisa não se esperaria do argumentista Ed Brubaker. Mas o verdadeiro ponto de interesse é o reverter que faz da imagem do hiper-masculino super-espião sedutor, que aqui é uma mulher a entrar na meia idade. Velvet é uma James Bond inteligente e mortífera, uma beleza a fenecer capaz de bater os melhores agentes num jogo perigoso onde nada é o que parece.