segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Comics


The Manhattan Projects #25: Vinte e cinco é um belo número para Hickman e Pitarra colocarem este comic bizarro em pausa. A tempo de não se perder em repetições, da insanidade surreal não se diluir na regularidade. Uma pausa, não um fim. Hickman ganha fôlego para regressar em maio com nova série dentro deste universo ficcional tão peculiar. Até lá, Oppenheimer domina o mundo mas prepara-se para um confronto com a xenocracia soviética, Von Braun será talvez vivissecado por alienígenas, os Einsteins e Feynman domesticam Terras paralelas, e Gagarin irá reencontrar-se com a sua Laika, antropomorfizada por efeito de tecnologias evolucionárias no espaço profundo. A high weirdness deste comic promete continuar.


ODY-C #01: A intemporal Odisseia em tom de space opera. Matt Fraction revisita um dos textos seminais da tradição literária ocidental, com ilustrações deslumbrantes de Christian Ward. Pena é que a prosa clássico-futurista do comic ronde o ilegível. A poesia homérica não é rica em facilitismos linguísticos, e Fraction a tentar ser um Burguess dos comics é daquelas coisas que não funciona. Refiro Burguess porque o seu Clockwork Orange é um exemplo perfeito de como criar prosa futurista que funciona em termos literários e não dispersa o leitor.


Trees #07: Trees, o comic onde nada acontece... de central. As personagens principais quedam-se imóveis e insondáveis. Toda a acção decorre à sua volta. Os dramas, as paixões, os conflitos. As árvores alienígenas parecem imutáveis, apesar de indícios alarmantes detectados por cientistas isolados. À sua volta fervilham como formigas as vidas humanas, sobrevivendo nos ambientes de normalidade catastrófica que tanto fascinam Warren Ellis.


Shadow Show #01: Calhou a Joe Hill o argumento deste primeiro número de um comic dedicado a Ray Bradbury. O seu objectivo é interessante: não mais uma adaptação das obras clássicas do autor (e disso já há muito por aí), mas histórias de autores contemporâneos que se inspiram no estilo de Bradbury. E Hill arranca muito bem e em cheio, com um conto que espelha muito bem aquele misto de inocência, maravilhoso e horror que caracteriza a obra de Bradbury. O trabalho de ilustração foge ao realismo habitual nos comics sem dele se distanciar muito, tornando este Shadow Show visualmente interessante.


Wayward #04: Uma intrigante série Young Adult da Image, onde uma jovem irlandesa vai viver com a mãe japonesa. As agruras da adolescência, do habituar-se a viver noutro país com uma mãe que mal conhece são tornadas mais complicadas quando a adolescente manifesta poderes sobrenaturais e se cruza com uma por vezes encantadora, por vezes arrepiante visão do sobrenatural japonês. As ruas de Tokyo estão cheias de espíritos inquietos e criaturas monstruosas, e a jovem adolescente vê-se no epicentro do que poderá ser um evento catastrófico planeado por forças ocultas.