sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Comics: The Ghost Engine; The Life Eaters


Daniel Djeljosevic, Eric Zawadzki (2014). The Ghost Engine. San Diego: Loser City.

Apesar de se basear em conceitos muito batidos, personagens estereotipadas e enredo previsível, este webcomic acaba por ser uma leitura interessante. A premissa não prima pela ingenuidade. Uma criminosa especialista em roubar obras de arte e um ex-actor de um reality show são contratados por um empresário francês para roubar um tríptico muito especial. No seu interior encontram-se três almas aprisionadas, que irão ocupar os corpos dos que as libertarem. Estas três almas estiveram, na viragem do século XIX para o XX, envolvidas numa tentatica de abrir as portas para o mundo que se encontra para lá da morte, utilizando o engenho fantasmático que dá o título à série. O que se segue é um previsível conjunto de peripécias que envolve uma agência secreta especializda no sobrenatural, um alienígena simpático que enfrenta a indignidade de ser servo de humanos menos avançados do que ele com um certo cinismo irónico, e muita luta interior entre os espíritos que ocupam os corpos das personagens. E, claro, novas e mal fadadas tentativas de reconstruir o engenho e reabrir as portas do mundo para lá da morte.

Previsível, a mexer com elementos muito usados no género, o livro tem uma escrita refrescante que equilibra muito bem o drama e humor. Já a ilustração, não sendo de grandes voos, é também eficaz e elegante. Uma boa surpresa no mundo dos comics disponíveis na internet.


David Brin, Scott Hampton (2004). The Life Eaters. La Jolla: Wildstorm.

Uma moderadamente interessante brincadeira de David Brin com o fantástico e histórias alternativas. Brin imagina uma II guerra mundial em que as piras dos campos de concentração permitiram aos nazis materializar deuses da mitologia nórdica. Com estas criaturas ao seu lado tornam-se invencíveis. Nem a tenacidade dos combatentes da liberdade e o seu poderio científico impedem a derrota. Ou aliás, uma longa luta, que vai evoluindo enquanto diferentes povos manifestam os seus antigos panteões. Uma forma de Brin se divertir com as ideias de religião como manifestação dos anseios da alma humana, dos homens como criadores de deuses e não por eles criados, e do poder da lógica e da ciência para travar obscurantismos, algo que requer luta constante.