terça-feira, 8 de julho de 2014

Kill City Blues


Richard Kadrey (2013). Kill City Blues. Nova Iorque: Harper Voyager.

A série Sandman Slim é uma leitura divertida para quem quiser, num momento em que não apeteça leituras mais profundas, mergulhar num grimdark cheio de ironia. Nesta série Kadrey dedica-se à fantasia urbana sob influência de drogas psicadélicas. Pega na banal premissa das guerras entre céus e infernos para mergulhar o seu estereotipo de anti-herói amoral que acaba sempre por fazer o correcto numa panóplia delirante de sub-mundos de magia e ocultismo com um forte toque visceral.

Nesta aventura Slim mete-se em apuros sérios. Para não variar. Deus fartou-se de ser deus e dividiu-se em cinco pedaços que não se dão bem entre si. Um deles já foi assassinado por uma super-anjo às ordens de outro. O inferno é regido por outro pedaço de deus, já que Lúcifer se fartou dos abismos infernais. Mas há mais. Parece que este universo não foi uma criação divina, foi um acto de divino roubo. Nos tempos primordiais a divindade roubou o universo a criaturas poderosas que, se puderem abrir uma porta para o nosso mundo, depressa o reduzirão a cinzas num acto de justa vingança. Há niilistas que os tentam invocar, e uma única arma capaz de os travar, que Sandman Slim é encarregue de encontrar. O que se segue é uma sucessão de peripécias em ritmo alucinante, que testa os limites do pouco saudável e muito bizarro imaginário de Kadrey.