segunda-feira, 30 de junho de 2014

Comics


2000AD 1887: Indigo Prime conclui mais um arco narrativo em toques lovecraftianos descarados. Um passeio entre realidades, favor concedido a um dignatário de uma realidade alternativa dominada por nazis aliados a alienígenas sáurios termina numa substituição do mito de Jesus na crucificação por... Cthulhu. E a partir daí a história redefine-se segundo os contornos tenebrosos dos grandes anciães. Para apimentar mais a coisa o grande deus que dormita sob os oceanos é uma criatura artificial, engenhada por Osama Bin Laden enquanto biólogo renegado de uma realidade alternativa. Nazis e fundamentalistas unidos para destruir o continuum do real armados com as invocações dos tenebrosos seres de pesadelo do além-espaço. Poderemos sobreviver a isto?


The Massive #24: Tavez seja culpa dos tempos politicamente carregados que vivemos, mas não consigo deixar de ler neste diálogo uma reflexão certeira e profunda sobre a rapacidade financeira neoliberal. Este é um dos aspectos mais interessantes desta série de Brian Wood. Extrapolando e exagerando o momento presente num futurismo próximo, obriga-nos a reflectir sobre os dilemas que afectam a moderna sociedade contemporânea. Os cenários traçados nesta série não são tão extraordinários quanto o possam parecer, são apenas levados ao extremo. Wood não tem ilusões sobre a crueldade incentivada pela ganância, ou pela continuidade dos jogos geoestratégicos num mundo que se desagrega.


Stray Bullets Killers #04: David Lapham desenvolve argumentos policiais de forma magistral. Neste continuação do clássico Stray Bullets vai-nos envolvendo numa descida ao submundo criminal através de pequenas histórias que apesar de auto-contidas, se influenciam, entretecendo uma teia que irá aprisionar os principais personagens.


Trees #02: Ellis desenvolve a passo glacial a sua história de árvores alienígenas invasoras que se estão nas tintas para os primatas planetários, para os seus dramas e tecnologias. Como tryffids indiferentes, estão apenas lá, e a humanidade depressa aprende a conviver com elas. As velhas disputas reorganizam-se em torno dos gigantescos troncos, a vida continua. Mas numa estação isolada nas ilhas Spitzberg os cientistas residentes começam a detectar traços de germinação alienígena. O passo é glacial, mas conhecendo o trabalho de Ellis aposto que nos irá conduzir de forma implacável a um momento explosivo. O que mais irrita e intriga é esta visão tão pouco antropocêntrica de alienígenas que nem sequer registam a presença dos humanos no seu planeta.