quinta-feira, 13 de março de 2014

Le Pilote à l'Edelweiss T03: Walburga; Le Grand Jeu T05: Le Roi Dragon.


Yann, Romain Hugault (2013). Le Pilote à l'Edelweiss T03: Walburga. Genebra: Paquet.

Como é já habitual nesta série, a história subjacente ao livro é contada de forma muito amarfanhada. Ficamos a saber um pouco mais sobre a história dos irmãos Castillac, desta vez com uma bela cigana envolvida. Antiga modelo do pai dos gémeos, despertadora de luxúria nos jovens com as suas belas curvas em exposição no atelier de pintura. Abusada por um dos irmãos, jura vingança enquanto sente gratidão e paixão pelo outro, que a ajuda a fugir para a Alemanha para escapar a falsas acusações de roubo. Durante a I guerra a bela cigana voluntaria-se como enfermeira e salva a vida a um piloto alemão. Assim se despoleta a luta até à morte entre este, que, desfigurado, pilota a temível aeronave decorada com uma edelweiss procurando vingar o anjo branco que lhe restituiu a vida. Tudo termina neste álbum, com um duelo aéreo épico entre um dos gémeos Castillac e o mortal piloto germânico, onde este morre mas o vencedor não tem melhor sorte, despenhando-se atrás das linhas das forças do Kaiser e sendo aprisionado num hospital de campanha, onde as suas feridas são curadas pela... bela cigana que iniciou as aventuras e desventuras destes manos tão diferentes entre si.

Resumindo, o irmão mau encontra a morte ao espetar-se com a aeronave numa estátua durante uma parada comemorativa da vitória aliada, o irmão bom encontra o amor nos braços de uma voluptuosa cigana e o mortal piloto germânico morre como um cavaleiro em demanda espiritual. É um argumento divertido, mas um pouco banal. E é o que precisa ser.

A razão de ser destes livros é o espantoso e preciso traço de Romain Hugault. A história é um invólucro, desculpa mal disfarçada para o fetichismo aeronático. E nisso Hugault é delicioso na sua mestria. Consegue trazer para a página a beleza e elegância dos antigos aviões de combate, em cenas de composição rigorosa que tiram o fôlego ao leitor. Em especial se este for fã de aeronáutica. Causa palpitações. Celebremos então a beleza mecânica dos pássaros de ferro com mais um espantosamente ilustrado álbum desta série.


Jean-Pierre Pécau, Leo Pilipovic (2011). Le Grand Jeu T05: Le Roi Dragon. Paris: Delcourt.

A série Le Grand Jeu tem como curiosidade o misturar de história alternativa com elementos ficcionais lovecraftianos e mitos contemporâneos sobre ovnis e tecnologia secreta nazi. É um mundo onde os exércitos da Wermacht foram travados às portas de Paris e a II guerra se saldou por um armistício. A França é uma grande potencia colonial e militar. Descobrimos os seus segredos pelos olhos do oficial Nestor Serge, sempre destacado para os recantos mais secretos do império e acompanhado por um fotógrafo húngaro bonacheirão cujo nome poderão reconhecer: Robert Capa. Nesta aventura penetram nas profundezas da selva vietnamita para combater seres do além que mimetizam a aparência humana e uma praga de borboletas assassinas que provém de um templo perdido na selva. A referência a Heart of Darkness, mais na versão Coppola do que no original de Conrad, é óbvia.

Apesar desta série partir de premissas intrigantes, fica-se sempre com a sensação que fica muito aquém do esperado. A ânsia de manter o leitor suspenso à espera da revelação dos segredos inesperados é tanta que o que realmente é interessante na série, o seu panorama ficcional que vai beber influências díspares à literatura fantástica, fica-se por comentários de passagem ou alguns infodumps que sabem a pouco no meio de aventuras bastante banais dos personagens. O que é sempre bom são as capas do ilustrador Maza.