A Maldição de Nazaré: Este conto mistura a estrutura clássica do conto de terror, com uma pequena cidade isolada devastada por estranhos acontecimentos com um toque linguístico tão fácil de distinguir que nos faz notar que estamos perante uma obra criada por um escritor que evolui numa cultura ao mesmo tempo similar mas distante da nossa. Se bem que nestas coisas das literaturas de género, quer sejam do fantástico, FC, policial ou outras, os toques culturais nativos são um detalhe, um pormenor pervasivo, indicadores de diferenças de nacionalidade que entrosam no universalismo dos cânones dos géneros. A Bang! está a trazer-nos na sua vertente digital contos de escritores do lado de lá do atlântico, iniciativa que é de saudar.
O que vivia na cave: Uma nostalgia pela infância longínqua dá o sabor a este conto de profunda arquitectura. O destaque é dado aos espaços decrépitos de uma casa, de onde espreitam uma assombração perdida e as recordações. Finaliza com um toque subtil de circularidade narrativa. Conto interessante, apesar de alguns momentos de menor clareza narrativa.
Halloween: Um conto promissor de Nádia Batista, apesar de sofrer de problemas técnicos que complicam a sua compreensão. A mística de cerimónias ocultas em cemitérios, os mistérios de bunkers ocultos e o evoluir de um espírito de brincadeira adolescente para alucinações sérias conjuga-se com o clássico conto narrado sob o ponto de vista de um paciente encerrado num manicómio, que nos leva sempre a questionar a realidade do que lemos. É um relato verosímil, dentro dos confins do mundo ficcional da história, ou uma óbvia alucinação? A autora joga bem com estas ambiguidades, apesar da sua técnica narrativa não possibilitar uma leitura clara do texto. Mesmo com esta falha é uma leitura intrigante e promissora. As ideias, esse grande ponto de partida, estão lá. O resto é uma questão de prática e a experiência que com ela vem.