sábado, 16 de novembro de 2013

Fumetti: Lilith: La Grande Battaglia; Voyager: Un nuovo presente



Luca Enoch (2012). Lilith: La Grande Battaglia. Milão: Sergio Bonelli Editore S.P.A.

O Japão feudal do século XV é o palco onde Lilith se materializa. Como sempre, a sua missão é eliminar o portador da infecção que futuramente irá obrigar a humanidade a sobreviver em subterrânos. Desta vez o alvo é um daymio menor que acompanha uma das facções que se irá defrontar na batalha de Sekigahara. Entregue a si própria devido a uma disfunção do parasita que lhe transmite a informação necessária para agir nos tempos passados em que se manifesta, Lilith vai contar com a ajuda de um jovem samurai ambicioso e desastrado, que nos é revelado como sendo Miyamoto Musashi, lendário autor do Livro dos Cinco Anéis, tratado clássico de artes marciais nipónico. Entretanto, o autor vai-nos desvendando pequenos pormenores da verdade sobre a personagem, a sua origem, e o que realmente é a peste do triacanto. O traço preciso de Luca Enoch, agravado pelo cuidado na recriação histórica, tornam este um dos albuns visualmente mais interessantes da série Lilith. As batalhas do Japão feudal ganham aqui uma representatividade inesperada. Um aspecto curioso de Lilith é a forma como as aventuras da personagem envolvem sempre uma visita aos palcos de batalhas sangrentas. Tróia, Nankim, Frente Alpina, são alguns dos palcos destas aventuras que cedem ao fascínio da violência marcial deixando um sabor pacifista.


Pierre Boisserie, Éric Stalner (2007). Voyager #03: Un nuovo presente. Editoriale Cosmo.

Apesar da premissa interessante da série, não cessa de surpreender como em seis edições o argumentista a consegue reduzir ao mais sonolento tédio. A ideia é intrigante - um viajante capaz de atravessar o tempo, em fuga de um futuro distópico onde a cidade-estado de Paris é governada por uma cabala global de oligarcas que escraviza uma população empobrecida e oprimida por forças militares apoiadas em alta tecnologia. O desenvolvimento narrativo centra-se nas relações e mistérios e parece ser desenvolvido como uma telenovela. Os mistérios que a premissa desperta na imaginação são aflorados muito raramente. Nos dois episódios coligidos nesta edição o viajante em fuga do futuro materializa-se amnésico na Paris do tempo presente e envolve uma médica nas suas aventuras. Está-se mesmo a ver que a mulher vai dar à luz qualquer personagem fuclral da série e que pelo ritmo da coisa vão ser precisas aí umas trezentas páginas para lá chegar. O único ponto de interesse narrativo é a linha onde agentes dos serviços secretos buscam activamente o viajante, baseados em pequenos traços que deixou ao longo da história humana. Para tornar a coisa mais intrigante o agente responsável parece fazer parte de uma organização católica secreta que quer eliminar o Viajante, visto como um anti-cristo. Ideias giras, e é incompreensível que a história se arraste e consiga passar ao lado do que é mais interessante. Graficamente o traço do ilustrador Éric Stalner é admirável pelo seu realismo, sendo particularmente notável na forma como representa a arquitectura clacissista da cidade de Paris.