quinta-feira, 29 de agosto de 2013

All You Need Is Kill


Hiroshi Sakurazaka (2009). All You Need Is Kill. São Francisco: Haikasoru.

Este romance do japonês Hiroshi Sakurazaka começa de forma insuspeita, como pura peça de ficção científica militar cheia de testosterona, armas futuristas e batalhas empolgantes. E quando o início da história termina... recomeça. E recomeça. E recomeça novamente. De carne para canhão o protagonista, jovem soldado a combater uma invasão alienígena, vê-se preso num laço temporal aparentemente infinito. Todas as manhãs acorda para a mesma rotina, todas as noites morre em combate. A chave para o mistério está numa aparentemente invulnerável super-soldado americana, que tem tendência para entrar em combate numa fulgurante armadura vermelha e que conhece o segredo dos laços temporais.

Soa um pouco como uma mistura entre Groundhog Day e Starship Troopers com sabor a manga. E lê-se como tal. A narrativa cíclica do laço temporal explora um percurso de aprimoramento pessoal que transforma um jovem recruta num soldado veterano, percurso solitário devido à especificidade desta variante do eterno retorno. Já o cenário de invasão alienígena é o elemento mais interessante do universo ficcional. A humanidade está em guerra contra alienígenas, mas não os confronta directamente. Os responsáveis pela devastação de continentes são engenhos biomecânicos, mistura orgânica com nano-máquinas, que se deslocam em massas coordenadas por um servidor que, caso seja destruído, pode enviar mensagens ao passado para que possa reajustar a táctica de combate. A Terra está a ser terraformada ao gosto dos invasores do espaço e os humanos lutam com as máquinas-formiga que fazem a terraformação.

Mais uma boa surpresa trazida da terra do sol nascente pela Haikasoru. Pura ficção militarista, escrita com clareza e que se lê como um manga sem ilustrações.