quinta-feira, 4 de julho de 2013

The Airlords Of Han


Philip Francis Nowlan, The Airlords of Han.

Duvido que nos dias de hoje uma obra destas fosse publicada, atingisse o sucesso que à época teve e não levantasse fortes polémicas. Narrativa de aventuras alicerçada em futurismo difuso e estereótipos racias, The Airlords of Han é notável por ser uma das obras seminais de Buck Rogers, um dos mais clássicos personagens da ficção científica de uma época onde visões de futuro e aventuras exóticas coexistiam em fortes doses de ingenuidade. Apaixonante para os leitores da época, que levaram Rogers ao panteão das personagens inesquecíveis pelo devir da cultura popular. Para o fatigado olhar crítico contemporâneo, treinado pelo acervo histórico da literatura do género e atento à evolução das mentalidades, esta obra toca a incredulidade.

Se um futuro onde as grandes civilizações contemporâneas são arrasadas por uma ameaça exterior é um artifício clássico, a narrativa da recuperação dos valores sociais viris através do contacto com a natureza em grupos humanos que se reorganizam e recuperam a bondade social, livres da decadência urbana, tem hoje uma conotação fortemente pitoresca. O mundo do futuro é imaginado com uma ciência difusa, onde materiais mágicos de nomes vagamente científicos incorporam tecnologias maravilhosas que a imaginação contemporânea recria visualmente com estilismos retro. O toque xenófobo está nos invasores que arrasaram a américa e o resto do mundo com armas superiores e que depois se instalaram como nababos decadentes nas ruínas da civilização ocidental. Nowlan cria uma variante do clássico perigo amarelo ao colocar nos ombros dos mongóis o papel de bárbaros destruidores do pináculo civilizacional ocidental. Mongóis futuristas com um toque alienígena e domínio dos ares, mas mesmo assim um povo oriental inserido este clássico do pulp de ficção científica firmemente na tradição literária de aventuras empolgantes em combate às ameaças hediondas das hordes bárbaras asiáticas, um sublimar de visões xenófobas com impacto muito real nas percepções culturais.

Obra datada, vale mais pela referência clássica do que pela qualidade literária. Narrativa de sucesso em tempos mais inocentes, não sobrevive ao teste da passagem do tempo mas é uma referência útil como retrato de um momento e época no género de ficção científica.