terça-feira, 23 de julho de 2013

Dylan Dog: Delirium; I Conigli Rosa Uccidono, Ai Confini Del Tempo


Claudio Chiaverotti, Giovanni Freghieri (1991). Dylan Dog 54: Delirium. Milão: Sergio Bonelli Editore S.P.A..

Tem alguns toques alucinatórios de horror, mas esta aventura de Dylan Dog é um sólido policial procedural. Uma vaga de assassínios sangrentos está interligada ao rapto de uma jovem após o assassínio dos pais. A conclusão é rápida: alguém está a matar as amigas da adolescente por motivos passionais. No desvendar do caso surge a grande surpresa, envolvendo uma doença degenerativa que deforma um rosto que foi belo, uma turista incauta quase sósia da jovem doente e uma vingança demente de alguém que se sente um monstro sobre aqueles que se mantém belos. Narrativa limpa e directa, com poucos desvios ao terror. Resolve-se depressa mantendo um final surpreendente. Chiaverotti é talvez dos argumentistas que melhor mantém a ambiguidade da visão original de Sclavi, mas aqui ainda não a levou longe.


Luigi Mignacco, Luigi Piccatto (1988). Dylan Dog 24: I Conigli Rosa Uccidono. Milão: Sergio Bonelli Editore S.P.A..

À partida a premissa até parece ser intrigante: uma série de assassínios cometidos por um personagem de desenhos animados que aniquila as suas vítimas com soluções sangrentas saídas decalcadas das ideias mais macabras que surgem no género. Pensem em esmagamento por maça gigante, estropiamento por motosserra ou explosivas barras vermelhas de TNT. Executadas por um coelho gigante de olhar psicótico. Poderia ser um divertido comentário de humor negro à violência televisiva exagerada patente num género de programas concebido como destinado a crianças, mas fica-se por um previsível policial procedimental com sabor a giallo surreal. O toque grand guignol é interessante e o extermínio das vítimas por um coelho gigante deixa um sorriso nos lábios dos leitores mais virados para o humor negro, mas estes elementos não chegam para levar este álbum de Dylan Dog além da mediania. Dylan Dog é produto da imaginação de Tiziano Sclavi e deste saem os mais intrigantes e ambíguos argumentos de aventuras desta personagem. Claudio Chiaverotti, outro dos argumentistas da série regular caracteriza-se por uma assinalável fidelidade ao espírito de Sclavi. Nas mãos de outros escritores Dylan Dog perde o interesse e exotismo que lhe é dado pela ambiguidade entre o real e o sobrenatural e transforma-se num personagem de aventuras banais.


Tiziano Sclavi, Luigi Piccatto (1990). Dylan Dog 50: Ai Confini Del Tempo. Milão: Sergio Bonelli Editore S.P.A..

Quem diria que um argumento de Sclavi me iria deixar desiludido. Desta vez a fórmula de fantasia, estranheza e horror do autor não funciona nesta história sobre um arranha-céus assombrado pelas memórias milenares de um menir. No centro de um nexo espácio-temporal, o arranha-céus ultramoderno torna-se um local onde as eras se confundem e o tempo histórico se funde. Resta Dylan Dog com ajuda de um par do reino, ocultista que mistura a sabedoria misteriosa celta com a tecnologia digital, travar a estranha força intemporal.